Dentre os canceres mais comuns causados pelo HPV, está o câncer de colo do útero. Esse câncer é caracterizado pelo crescimento anormal de células do colo do útero, que é a parte inferior do útero que fica em contato com a vagina. Após o contagio com o HPV, se o sistema imunológico não consegue combater o vírus, ocorre o desenvolvimento dessas células anormais. Se não for diagnosticado e tratado rapidamente, as células anormais podem evoluir de uma lesão pré-câncer para um câncer. Isto pode demorar anos e apresenta sintomas tais como sangramento vaginal, corrimento e dor(1).
Embora a infecção pelo HPV seja muito frequente, esta é transitória, com regressão espontânea na maioria dos casos. Contudo, um pequeno número de casos nos quais a infecção persiste é especialmente causada por um tipo viral oncogênico, com potencial para causar câncer. Este tipo de vírus pode desenvolver lesões precursoras que, se não forem identificadas e tratadas, podem progredir para o câncer, principalmente no colo do útero, mas também na vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe e boca (1,2).
Existe pelo menos 13 tipos de HPV que são considerados oncogênicos com maior probabilidade de estarem associados a lesões precursoras. Dentre os HPV de alto risco oncogênico, os tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo de útero(1). Já os HPV 6 e 11, encontrados em 90% dos condilomas genitais e papilomas laríngeos, são considerados não oncogênicos(2).
Aproximadamente 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV, sendo que 32% estão infectadas pelo tipo 16 ou 18, ou por ambos. Comparando-se esse dado com a incidência anual de aproximadamente 500 mil casos de câncer do colo de útero, conclui-se que o câncer é um desfecho raro, mesmo na presença da infecção pelo HPV. Portanto, a infecção pelo HPV é um fator necessário, mas não suficiente, para o desenvolvimento do câncer do colo de útero(1,2).
Há cofatores que aumentam o potencial de desenvolvimento do câncer genital em mulheres infectadas pelo papilomavírus: número elevado de gestações, uso de contraceptivos orais, tabagismo, infecção pelo HIV e outras doenças sexualmente transmitidas (como herpes e clamídia). A progressão tumoral a partir da infecção de células normais por HPV parece estar condicionada a fatores relacionados ao vírus (tipo do vírus) e fatores relacionados ao hospedeiro (tabagismo, uso de contraceptivos orais, multiparidade, imunossupressão)(1).
Leitura Complementar:
Em todo o mundo, o câncer do colo do útero é o quarto tipo de câncer mais frequente em mulheres, com cerca de 570 mil novos casos em 2018, representando 7,5% de todas as mortes femininas por essa doença. Estimam-se mais de 311 mil mortes por esse tipo de câncer a cada ano, mais de 85% delas ocorrem em regiões menos desenvolvidas do mundo (1,3).
Nos países desenvolvidos, existem programas que permitem que as mulheres sejam examinadas, tornando a maioria das lesões pré-cancerosas identificáveis em estágios nos quais podem ser facilmente tratadas. O tratamento precoce previne até 80% do câncer do colo do útero nesses países (1,3).
Nos países em desenvolvimento, o acesso limitado a uma triagem eficaz significa que a doença muitas vezes não é identificada até que esteja mais avançada e os sintomas se desenvolvam. Além disso, as perspectivas de tratamento de tal doença em estágio avançado (cirurgia, radioterapia e quimioterapia) podem ser precárias, resultando em uma taxa mais alta de mortes por câncer do colo do útero nesses países (1,3).
A alta taxa de mortalidade por câncer do colo do útero em todo o mundo (6.9 por 100.000 em 2018) poderia ser reduzida por meio de programas eficazes de triagem e tratamento (1,3).
Para a detecção precoce de lesões percussoras de câncer, o diagnóstico é feito a partir da realização do exame preventivo (Papanicolau). Postos de coleta de exames preventivos ginecológicos do Sistema Único de Saúde (SUS) estão disponíveis em todos os Estados da Federação e os exames são gratuitos. Procure a Secretaria de Saúde de seu município para obter informações sobre o posto de coleta mais próximo de sua residência (1).
1. Brasil. Ministério da saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis. Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações. Guia de perguntas e respostas para profissional de saúde. Ministério da saúde. 2014:44p. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/marco/07/guia-perguntas-repostas-MS-HPV-profissionais-saude2.pdf
2. Inca. Instituto Nacional do Câncer. Rio de Janeiro. Perguntas frequentes: HPV. Disponínel em: https://www.inca.gov.br/perguntas-frequentes/hpv
3. Brasil. Organização Pan-Americana de Saúde. Folha informativa – HPV e câncer do colo do útero. 2019. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5634:folha-informativa-hpv-e-cancer-do-colo-do-utero&Itemid=839