A aspiração da traqueostomia deve ser feita após avaliação das características respiratórias da pessoa traqueostomizada, e não com base em horário prescrito; deve ser realizada quando o paciente não consegue eliminar as secreções.
A aspiração ideal é aquela que, quando realizada, cumpre seu objetivo de remover a maior quantidade de secreção, mantendo a via aérea limpa e uma respiração com características normais, com um mínimo de complicações associadas ao procedimento: dano ao tecido, hipóxia e aumento da pressão arterial 1,2.
Para realizar a aspiração, deve-se posicionar o indivíduo adequadamente a 30º, se não houver contraindicação. Deve-se utilizar os equipamentos de proteção individual (máscara, luvas estéreis e óculos); calcular a extensão da sonda de aspiração a ser introduzida de 8 a 10 cm, devendo estimular a tosse; aspirar sempre em primeiro lugar a traqueostomia e após aspirar as vias aéreas superiores (se necessário), repetir a aspiração quantas vezes forem necessárias, a quantidade e a qualidade das secreções determinam a frequência das aspirações, aspirar quando realizar procedimento de mudança de decúbito e/ou fisioterapia1,2.
Durante a aspiração, deve-se pinçar a sonda no momento de introduzi-la na traqueostomia ou vias aéreas, sem fazer sucção até a introdução do cateter na altura desejada2, em seguida soltar o látex e retirar a sonda, succionando as secreções com movimentos rotacionais1,3,4,5, para evitar danos à parede traqueal e reduzir o desconforto3,4,5. Não se deve aplicar sucção por mais de dez segundos1,5, pois o fator tempo é um determinante muito importante, uma vez que o conteúdo aéreo nos pulmões fica reduzido, podendo levar a hipóxia, já que, juntamente com as secreções, aspira-se ar5.
O cuidado com a traqueostomia envolve diferentes procedimentos, sendo necessário fazer uma monitorização clínica do paciente para oferecer cuidado de enfermagem adequado. Dentre os procedimentos, podemos citar: cuidado com a frequência respiratória, expansibilidade pulmonar e ruídos pulmonares; cuidado com a integridade do estoma, com a dor e condições da ferida operatória; cuidado com a quantidade de secreções pulmonares, e a avaliação da deglutição e risco de bronco aspiração; cuidado na capacidade de comunicação verbal e na capacidade do paciente em realizar autocuidado apropriado com a cânula e estoma.
A hidratação é uma das necessidades afetadas no indivíduo traqueostomizado, sendo importante aumentar o volume e frequência da oferta em virtude das secreções eliminadas espontaneamente, das aspirações frequentes e das implicações decorrentes da doença desencadeante1.
Deve-se então instituir ingestão líquida adequada, visando auxiliar a hidratação e a umidificação. Em usuários que apresentem secreções brônquicas aumentadas, recomenda-se cerca de dois litros de líquidos diários, adequando-se a hidratação ao estado do indivíduo traqueostomizado, considerando seus reflexos, a viscosidade das secreções, assim como a reposição de líquidos dentro dos limites da dieta prescrita pela nutricionista, e implementar um sistema de controle de líquidos ingeridos e eliminados1.
O uso de vaporização e umidificação do ambiente auxiliam por diminuir a formação de secreção e evitar a formação de rolhas que podem obstruir a cânula, embora a rolha seja produto da desidratação do paciente6.
Salientamos a importância de capacitar a família e o indivíduo para o autocuidado com formação dos cuidadores, orientando-os como realizar os procedimentos e as possíveis complicações. Pactuar um plano de cuidados com a família e o paciente que inclua os cuidados necessários, o momento de chamar a equipe de saúde da família, o momento de levar o paciente para uma unidade de emergência e outros.
Embora seja importante dar autonomia ao paciente, a equipe precisa acompanhar e orientar sistematicamente esta família para os cuidados com a traqueostomia, a fim de garantir autonomia à família e cuidado qualificado para este paciente.