O uso de antibióticos (ATB) por via tópica na Otite Média é pouco descrito na literatura. Existem alguns relatos de sua prescrição nos casos de Otite Média supurativa associada à timpanotomia, com o predomínio do uso de quinolonas. Há também a preocupação quanto à ototoxicidade dos aminoglicosídeos, como a gentamicina. O próprio uso de antibióticos por via oral na Otite Média Aguda (OMA) deve ser avaliado. Uma revisão sistemática da Cochrane sobre o uso de ATB na OMA em crianças concluiu que a prescrição de antimicrobianos promove uma pequena redução no número de crianças apresentando dor, assim como concluiu que uma parcela das crianças que usam ATB apresentam sintomas devido à medicação, devendo se pesar os riscos e os benefícios da intervenção.
Os sumários clínicos do Sistema de Saúde Britânico recomendam a seguinte abordagem da OMA:
Para a maioria das pessoas com suspeita de OMA, uma estratégia de controle analgésico e antitérmico, sem prescrição de ATB, parece adequada. Para crianças com menos de 3 meses de idade com OMA, o limiar de prescrição de ATB deve ser menor. O uso de ATB deve ser imediato nas seguintes situações:
- Grande repercussão sistêmica, com piora do estado geral;
- Pessoas com alto risco de complicações por apresentarem doenças sistêmicas, imunossupressão ou prematuridade;
- Crianças com menos de dois anos de idade com OMA bilateral;
- Crianças com perfuração ou otorreia associada à OMA.
- A internação de crianças com OMA deve ser indicada quando há febre maior de 38ºC em menores de 3 meses ou maior de 39ºC entre 3 e 6 meses ou quando há suspeita de complicações, como meningite, mastoidite ou paralisia facial.
Nas demais situações, os pais devem ser informados que a duração média de um quadro de OMA é de 4 dias. Assegure-os de que ATB geralmente não são necessários por não oferecer melhora dos sintomas, além de causarem efeitos adversos (diarreia, vômitos, alergia) e contribuírem para a resistência aos ATB. Se o quadro clínico piorar ou não começar a resolver após 4 dias do início da doença, o paciente deve ser reavaliado.