(SOF Arquivada) Qual a melhor forma de realizar curativos de úlcera varicosa em um paciente que tem essa ferida em membro inferior esquerdo há 40 anos?

| 6 agosto 2009 | ID: sofs-2133
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,

SOF atualizada: https://aps.bvs.br/aps/qual-a-melhor-forma-de-realizar-curativos-de-ulcera-varicosa-em-um-paciente-que-tem-essa-ferida-em-membro-inferior-esquerdo-ha-40-anos-2/

Segundo estudos com Grau de Evidência A, em tratamentos tópico de úlceras venosas de perna recomenda-se o uso de meia elástica de média e alta compressão. Para isto é necessário um acompanhamento e monitoramento para a efetividade do tratamento que consiste em capacitar o paciente para uso deste recurso e seus benefícios a longo prazo. Visando a cicatrização da úlcera venosa, o tratamento para a melhoria do retorno venoso deve ser prestado por médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde com a cooperação do paciente e é primordial o uso da terapia de compressão, uma vez que a mesma aumenta a taxa de cicatrização de úlceras venosas, comparado com o tratamento sem compressão. A terapia compressiva deve ser aplicada, de modo consistente, para melhorar a efetividade do cuidado e reduzir os custos do tratamento.
A compressão graduada pode controlar ou reduzir a insuficiência venosa, entretanto só deve ser utilizada para cicatrizar úlceras venosas não complicadas. Existem situações em que a compressão graduada está contra indicada como nos casos de insuficiência arterial moderada e severa, carcinoma, bem como em pacientes que estejam desenvolvendo trombose venosa profunda .
O curativo na úlcera é um dos itens fundamentais no tratamento. Todo rigor de higiene deve ser usado para se fazer o curativo, inclusive o uso de gorro e máscara. Mais de um tipo de curativo pode ser necessário durante a cicatrização de uma úlcera. Segundo alguns autores todas as feridas estão colonizadas por bactérias, não significando isso que elas estejam infectadas.

O curativo ideal ainda não existe, contudo sete critérios devem ser observados para se alcançar este objetivo:
a) Manter a ferida limpa;
b) Remover o excesso de exsudação;
c) Permitir a troca gasosa;
d) Fornecer isolamento térmico;
e) Torná-lo impermeável às bactérias;
f) Isentá -los de partículas e de tóxicos contaminadores de feridas;
g) Permitir a remoção do curativo sem causar traumas na ferida.

A limpeza da úlcera deve ser feita com soro fisiológico 0,9%, morno a 37º C, com uma seringa de 20 ml e agulha 40×12, ou frasco de soro perfurado somente com um furo, a “técnica do chuveirinho” não deve ser usada em nenhum tipo de ferida.
Com uma forte pressão, lançamos a uma distância de 20 cm o jato de soro, no leito da úlcera, efetuando a limpeza da mesma e evitando que a fricção da gaze diretamente sobre a lesão, o uso da gaze ou torunda provoca sangramento e destroe o tecido de granulação, dificultando assim, a cicatrização. A fim de minimizar custos e alcançar o mesmo objetivo, temos a opção de utilizar a água morna do chuveiro.
Anti-sépticos são os definidos como desinfetantes não tóxicos, que podem ser aplicados na pele e tecido vivo, destruindo os compostos vegetativos como as bactérias e impedindo seu crescimento. São ineficazes quando usados simplesmente para limpar a superfície da ferida, pois necessitam ficar em contato com bactérias por cerca de 20 minutos para destruí-las. Dentre os mais usados estão: água oxigenada, hipoclorito de sódio, clorexedine, permanganato de potássio, iodo povidona (PVPI 10%) e as tinturas como violeta de genciana, mercúrio cromo entre outros. Porém não são eficazes na cicatrização de úlceras, sendo citotóxicos para os fibroblastos e dificultando a granulação normal. De acordo com alguns autores os anti-sépticos não devem ser utilizados no leito das úlceras.
O agente tópico com grau de recomendação B que deve ser utilizado em úlceras é o Curativo Hidrocolóide – é uma evolução do curativo comum de gaze e esparadrapo. Surgiu na década de 80 e é específico para úlceras crônicas. Estes curativos são constituídos por base hidrocolóide composta de pectinas, carboximetilcelulose sódica e gelatina, e de um revestimento feito de poliuretano.
O ambiente úmido e aquecido criado pela oclusão aumenta o desbridamento autolítico por enzimas líticas, presentes no líquido da ferida. Deve ser aplicado apenas em úlceras livres de processo infeccioso e a sua borda deve ultrapassar 2 cm da borda da úlcera. Funciona como uma barreira bacteriana, protegendo a ferida. Podem permanecer em torno de 1 a 7 dias quando são facilmente trocados. Surgindo uma secreção gelatinosa marrom amarelada de odor característico, não deve ser confundida com pus, pois é o exsudato da própria lesão mesclado com hidrocolóide. Conhecidos como Duoderm®, Comfeel® e Tegasorb®, com várias apresentações de espessura e tamanho, os quais devem ser adaptados a cada úlcera.

Categoria da Evidência:

O uso de meias elásticas no tratamento de úlceras apresenta Grau de Evidência A
A –  Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência

O uso de curativos de hidrocolóides apresenta Grau de Evidência B
B – Estudos experimentais ou observacionais de menor consistência


Bibliografia Selecionada:

  1. Borges EL, Caliri MHL, Haas VJ. Revisão sistemática do tratamento tópico da úlcera venosa. Rev latinoam enferm. 2007 Nov-Dez;15(6):1163-70. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rlae/article/view/16193/17897. Acesso em: 12 maio 2015
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