Qual a melhor forma (custo/benefício) de rastreamento para osteopenia e osteoporose em adultos acima de 50 anos de idade? Há evidencias para que seja utilizado o Raio X como exame para rastreamento de osteoporose?

| 4 agosto 2008 | ID: sofs-67
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O rastreamento populacional para osteopenia e osteoporose não está recomendado para todos os indivíduos sadios com idade superior a 50 anos. De acordo com os cadernos de atenção básica do Ministério da Saúde o rastreamento de todos os pacientes assintomáticos não é recomendado e a busca ativa deste diagnóstico pode ser realizada em pacientes considerados de alto risco, especialmente os com risco de fratura.
Conforme o Consenso Brasileiro de Osteoporose (grau de recomendação: D), os exames radiológicos são indicados para diagnóstico de fratura e não devem ser utilizados para diagnosticar osteoporose. Eles podem mostrar diminuição da densidade óssea, porém, só detectam alterações quando a perda for superior a 30%, sendo baixa sua sensibilidade diagnóstica. Em pacientes que apresentem fraturas, especialmente na coluna vertebral (freqüentemente assintomáticas), ou redução inesperada da estatura, radiografias das colunas dorsal e lombar são indicadas para avaliar a presença de osteoporose. Os exames radiológicos são úteis para o diagnóstico diferencial de outras doenças que possam acometer o osso.
Em relação à necessidade de realizar densitometria óssea, mesmo após ter sido evidenciada presença de desmineralização no Raio X, existe uma recomendação de que se realize o exame sim, a fim de que se monitorem as mudanças de massa óssea decorrentes das doenças e dos diferentes tratamentos disponíveis.
A densitometria óssea é o exame de referência para o diagnóstico da osteoporose, realizada pela avaliação da coluna lombar e do colo do fêmur, e antebraço, segundo os critérios da OMS e está indicada para mulheres acima de 65 anos de idade ou ainda mulheres com um fator de risco maior ou dois menores para osteoporose as quais devem realizar o primeiro exame aos 60 anos de idade.
A seguir os fatores de risco maiores e menores:
Fatores de risco maiores: Sexo feminino; Baixa massa óssea (DMO); Fratura prévia; Raça asiática ou caucásica; Idade avançada em ambos os sexos; História materna de fratura do colo femoral e/ou osteoporose; Menopausa precoce não tratada (antes dos 40 anos); Tratamento com corticóides.
Fatores de risco menores: Amenorréia primária ou secundária; Hipogonadismo primário ou secundário em homens; Perda de peso após os 25 anos ou baixo índice de massa corpórea (IMC < 19 kg/m2); Tabagismo; Alcoolismo; Sedentarismo; Tratamento com outras drogas que induzem perda de massa óssea como a heparina, varfarina, anticonvulsivantes (fenobarbital, fenitoína, carbamazepina), lítio e metotrexate; Imobilização prolongada; Dieta pobre em cálcio; Doenças que induzem a perda de massa óssea.
Existem ainda outras recomendações para realização de densitometria óssea que são: mulheres em deficiência estrogênica com menos de 45 anos; mulheres com amenorréia secundária prolongada (por mais de um ano); Todos os indivíduos que tenham sofrido fratura por trauma mínimo ou atraumática; Indivíduos com evidências radiográficas de osteopenia ou fraturas vertebrais; Homens com 70 anos ou mais; Indivíduos que apresentem perda de estatura (maior que 2,5 cm) ou hipercifose torácica; Indivíduos em uso de corticóides por três meses ou mais (doses maiores que 5 mg de prednisona); mulheres com índice de massa corporal baixo (menor que 19 kg/m2).
Onde a densitometria não é amplamente disponível, sugerimos a utilização do score ABONE (www.projetodiretrizes.org.br/projeto_diretrizes/078.pdf ), tendo em vista que este é o melhor exame para rastreamento de osteopenia/osteoporose.
A literatura ainda é bastante controversa em relação às indicações de realização da densitometria óssea e também em relação a quais devem ser os principais fatores de risco levados em consideração para indicar o exame, por isso optamos por fornecer as indicações do exame conforme dados brasileiros (consensos e cadernos de atenção básica). Os graus de recomendação aqui apresentados são D. Não foram encontrados estudos que comparassem o uso de raio X com a densitometria para fins diagnósticos.

 

 


Bibliografia Selecionada:

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília: Ministério da Saúde; 2006. (Cadernos de Atenção Básica No. 19 ; Série A. Normas e Manuais Técnicos). Disponível em: http://dtr2004.saude.gov.br/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad19.pdf
  2. Bacellar A, Longo AL, Massaro AR, Moro CHC, André C, Nóvak EM, Dias-Tosta E, Yamamoto FI, Damiani IT, Maciel Jr JA. Osteoporose em Mulheres na Pós-Menopausa. In: Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina. Projeto Diretrizes. São Paulo: Manole; 2002. Disponível em: http://www.projetodiretrizes.org.br/projeto_diretrizes/078.pdf
  3. Mauck KF, Clarke BL. Diagnosis, screening, prevention, and treatment of osteoporosis. Mayo Clin Proc. 2006 May;81(5):662-72. Disponível em: http://www.mayoclinicproceedings.com/content/81/5/662.long
  4. Pinto Neto AM, Soares A, Urbanetz AA, Souza ACA, Ferrari AE M, Amaral B, et al. Consenso brasileiro de osteoporose 2002. Rev bras reumatol. 2002 Nov-Dez;42(6):343-54 Disponível em: http://www.osteoprotecao.com.br/pdf/consenso_brasileiro_osteoporose.pdf