Qual a importância do exame de eletroforese de hemoglobina na APS?

| 26 outubro 2017 | ID: sofs-36924
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,
Graus da Evidência:

A detecção precoce de portadores do traço falciforme permite o aconselhamento e/ou orientação genética aos portadores pelos profissionais da equipe de Atenção Primária à Saúde (APS), na medida em que casais de risco têm chance de optarem ou não por uma gestação, tais como tratamento de infecções e crises álgicas, profilaxia anti-infecciosa, sobrecarga de ferro, transfusão, entre outros, podem ser evitados (1).


A eletroforese de hemoglobina preconizada pelo Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN) é realizada pela metodologia do High-Performance Liquid Chromatography (HPLC) ou da Focalização Isoelétrica, métodos de maior especificidade e sensibilidade e, portanto, mais seguros quanto ao diagnóstico de certeza. A partir dos 4 meses de idade, o diagnóstico pode ser feito por quaisquer das metodologias existentes para eletroforese de hemoglobina. Quanto mais precoce for o diagnóstico e, consequentemente, o estabelecimento de uma linha de cuidado à saúde, maiores serão os benefícios individuais para as pessoas com Doença Falciforme (DF) (2).A DF é uma das enfermidades genéticas e hereditárias mais comuns no mundo. Decorre de uma mutação no gene que produz a hemoglobina A, originando outra, mutante, denominada hemoglobina S, de herança recessiva. Existem outras hemoglobinas mutantes, como, por exemplo, C, D, E etc. Em par com a S, integram o grupo denominado DF. A mais conhecida é a SS, que inicialmente se denominou anemia falciforme (SS) (2).Entre essas associações para a DF, a de maior manifestação clínica é identificada como anemia falciforme (AF), determinada pela presença da hemoglobina S em homozigose (SS), ou seja, a pessoa recebe de cada um dos pais um gene para hemoglobina S. Essa combinação é a que se denomina anemia falciforme (2).A presença de apenas um gene para hemoglobina S, combinado com outro para hemoglobina A, possui um padrão genético AS (heterozigose), que não produz manifestações da DF, sendo o indivíduo identificado como portador de traço falciforme (TF). Cabe reiterar que o estado heterozigoto (AS) denominado traço falciforme, de acordo com estudos internacionalmente considerados, não acarreta qualquer sintomatologia clínica, e sua importância é para orientação genética ao portador ou à sua família, de acordo com a publicação Consenso Brasileiro sobre atividades esportivas e militares e herança falciforme (2).As manifestações clínicas decorrentes da DF são extremamente variáveis entre as pessoas com a doença e na mesma pessoa, ao longo de sua vida. Os sintomas podem começar a aparecer ainda no primeiro ano de vida, mostrando a importância do diagnóstico precoce como principal medida de impacto positiva na assistência de qualidade às pessoas com a doença (2).O fenômeno de afoiçamento das hemácias é responsável por todo o quadro fisiopatológico. As hemácias, quando assumem essa forma, apresentam maior rigidez e vivem na circulação sanguínea em média 10 dias, muito menos que o tempo médio usual de 120 dias, estando mais sujeitas à destruição. Isso resulta em anemia crônica intensa (2).

Atributos da APS

 Integralidade/Coordenação do Cuidado: Cabe ressaltar que as equipes da ESF deverão manter ativos os cadastros de cada pessoa que as integre, de forma a viabilizar um vínculo regular e definido pelo próprio serviço com o centro de referência, visando realizar os procedimentos orientados pela Atenção Especializada. A presença de pessoas com DF, nos espaços de promoção da saúde, é fundamental para a integralidade na Atenção (2).Acesso: Promover o acesso a todos os programas de promoção de saúde e dispor de Atenção em ambulatórios médicos muitos contribuirão para superar barreiras, como as distâncias dos centros de referência e dos hemocentros (2).

Bibliografia Selecionada:

1. Figueiredo AKB. Anemia Falciforme: Abordagem Diagnóstica Laboratorial. Rev. Ciênc. Saúde Nova Esperança. 2014 Jun;12(1):96-103. Disponível em:http://www.facene.com.br/wp-content/uploads/2010/11/Anemia-falciforme1.pdf
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Hospitalar e de Urgência. Doença falciforme: diretrizes básicas da linha de cuidado / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada e Temática. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 80p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doenca_falciforme_diretrizes_basicas_linha_cuidado.pdf
3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Doença falciforme : condutas básicas para tratamento. – 1. ed., 1. reimpr. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013. 64 p.: il. ISBN 978-85-334-1932-2. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doenca_falciforme_condutas_basicas_tratamento.pdf