Qual a conduta para um paciente com esteatose hepática vista em ecografia?

| 14 novembro 2018 | ID: sofs-40077
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,

O achado ocasional de esteatose hepática deve ser seguido de avaliação clínica e laboratorial. A esteatose ecográfica pode ser devida ao uso de álcool ou não alcoólica – associada a doenças como obesidade, diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica e dislipidemia. Deve-se abordar o uso de álcool e recomendar redução ou abstenção conforme o caso.


Para investigação de causas não associadas ao alcoolismo, deve-se calcular o IMC, aferir pressão arterial, solicitar glicemia de jejum e perfil lipídico. Além disso, para todos os pacientes com esteatose, devem ser solicitados transaminases, hemograma com plaquetas e devem ser excluídas hepatites virais com HBsAg e anti-HCV. Não há recomendação para repetição da ecografia.
Nos pacientes com transaminases e hemograma normais, e sorologias negativas, procede-se reavaliação em 2 anos com novos exames laboratoriais. Para aqueles com alteração nesses exames, devem também ser solicitados: ferritina, albumina, tempo de protrombina, bilirrubinas, fosfatase alcalina e gama-GT. Além disso, devemos repetir transaminases e hemograma com plaquetas, se esses estiverem alterados na primeira avaliação.
As recomendações de tratamento são:
– Bebidas alcoólicas: cessar uso de bebidas alcóolicas.
– Comorbidades: tratar diabetes, hipertensão e dislipidemia.
– Peso: perda de 5 a 10% do peso (em pessoas com sobrepeso/obesidade).
– Dieta: redução de alimentos ricos em gorduras e carboidratos simples, evitar bebidas industriais adocicadas (como refrigerantes, sucos) e alimentos pré-preparados. Aumentar ingesta de alimentos ricos em fibras, peixes ricos em ômega 3 (salmão, sardinha) e preferir carnes brancas, entre outras.
– Exercício: realização regular de exercício físico aeróbico moderado três a quatro vezes por semana (mínimo de 150 min/semana). Não há evidência para uso de terapia farmacológica para NASH (esteato-hepatite não-alcoólica). Até o momento, estudos com metformina, vitamina E, estatinas, glitazonas e orlistat não mostraram benefícios clinicamente relevantes e, portanto, não há recomendação consistente para seu uso.
Sugere-se encaminhamento para Gastroenterologia por esteatose hepática nos seguintes casos:
– Elevação persistente de transaminases sem melhora após 6 meses de tratamento na APS.
– Suspeita de fibrose hepática avançada/cirrose por presença de:
– Plaquetopenia;
– Sinais clínicos de cirrose (por exemplo: eritema palmar, aranhas vasculares, icterícia);
– Achados ecográficos de cirrose (por exemplo: fígado irregular, esplenomegalia, ascite);
– Ferritina acima de 1,5 vezes o limite superior da normalidade.

Bibliografia Selecionada:

1. Byrne CD, Targher G. EASL -EASD – EASO Clinical practice guidelines for the management of non -alcoholic fatty liver disease: is universal screening appropriate? Diabetologia 2016;59(6):1141 -1144. [acesso em 22 de jun de 2018]. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27053232
2. Dynamed Plus. Record No. 116915. Nonalcoholic fatty liver disease (NAFLD). Ipswich (MA): EBSCO Information Services, 2016. [atualizada em 19 mai. 2016]. Disponível em: http://www.dynamed.com/topics/dmp~AN~T116915/Nonalcoholic-fatty-liver-disease-NAFLD
3. Sheth SG, Chopra S. Epidemiology, clinical features, and diagnosis of nonalcoholic fatty liver disease in adults. Waltham (MA): UpToDate; 2017. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/epidemiology-clinical-features-and-diagnosis-of-nonalcoholic-fatty-liver-disease-in-adults
4. Sheth SG, Chopra S. Natural history and management of nonalcoholic fatty liver disease in adults. Waltham (MA): UpToDate; 2016. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/natural-history-and-management-of-nonalcoholic-fatty-liver-disease-in-adults
5. TelessaúdeRS -UFRGS. RegulaSUS: protocolos de regulação ambulatorial: gastroenterologia adulto. Porto Alegre: TelessaúdeRS, 2016. Disponível em: https://www.ufrgs.br/telessauders/documentos/protocolos_resumos/protocolo_ses_ginecologia_20170911_v016.pdf