Qual a conduta diante de varicela no primeiro trimestre gestacional?

| 13 junho 2019 | ID: sofs-41735
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,

Para quadros sem complicação, o tratamento deve ser sintomático. Pode-se administrar antitérmico, analgésico não salicilato e, para atenuar o prurido, anti-histamínico sistêmico(1). Além disso, deve-se fazer a recomendação da higiene da pele com água e sabonete neutro, com o adequado corte das unhas(1).

Havendo infecção secundária, recomenda-se o uso de antibióticos, em especial para combater estreptococos do grupo A e estafilococos(1). Em relação à terapia específica, embora não haja evidência de teratogenicidade, não se recomenda o uso de aciclovir em gestantes(1). Entretanto, em casos em que a gestante desenvolve complicações como pneumonite viral, deve-se considerar o seu uso endovenoso(1). O tratamento sintomático pode ser feito em regime ambulatorial, enquanto que pessoas acometidas por varicela grave ou herpes-zóster  disseminado devem ser hospitalizadas imediatamente, em regime de isolamento de contato e respiratório(1,2).

A varicela Grave caracteriza-se por paciente com febre alta (>38°C) e lesões cutâneas polimorfas (pápulas, vesículas, pústulas, crostas), que tenha sido hospitalizado, ou evoluiu com complicações ou óbito e pertença a um dos seguintes grupos: recém-nascidos, adolescentes, adultos, pacientes imunodeprimidos, gestantes. Já a Herpes Zóster, apresenta um quadro clínico que antecede as lesões, caracterizado por: dores nevrálgicas,  parestesias, ardor e prurido locais, acompanhados de febre, cefaleia e mal-estar. Após este quadro inicial, instalam-se vesículas sobre uma base eritematosa que normalmente são unilaterais e percorrem o trajeto de um nervo.


A infecção materna por varicela no 1º ou no 2º trimestre da gestação pode resultar em embriopatia, aborto ou má formação(3,4). Nas primeiras 16 semanas de gestação, pode causar a síndrome da varicela congênita que se caracteriza por baixo peso ao nascer, malformações das extremidades, cicatrizes cutâneas, microftalmia, catarata e retardo mental(3,4).

Gestantes não imunes (não vacinadas ou nunca apresentaram a doença), que tiverem contato com casos de varicela e herpes zóster, devem receber a imunoglobulina humana contra esse vírus, disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs)(3,4,5).

 

Atributos da APS:

[Orientação Profissional] A forma mais eficaz da prevenção da doença é através da vacinação. A vacina tetraviral é oferecida na rotina aos 15 meses de idade para as crianças que receberam a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) entre 12 e 14 meses de idade. Caso ela não tenha recebido a tríplice antes dos 15 meses, esta deverá ser administrada, devendo ser agendada a tetraviral pelo menos 30 dias após a tríplice.

Bibliografia Selecionada:

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação. Brasília; 2014:176p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_procedimentos_vacinacao.pdf

2. MedicinaNet. Varicela Herpes Zoster. 2010 . Disponível em: http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1830/varicelaherpes_zoster.htm

3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de Vigilância Epidemiológica. Brasília. Série A. Normas e Manuais Técnicos. 2009:816p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_vigilancia_epidemiologica_7ed.pdf

4. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Varicela. Brasília; 2014. Disponível em: https://central3.to.gov.br/arquivo/249371/

5. Ahn KH, Park YJ, Hong SC, Lee EH, Lee JS, Oh MJ, Kim HJ. Congenital Varicella syndrome: A systematic review. J Obstet Gynaecol. 2016;36(5):563-6. Disponível em: http://www.tandfonline.com/doi/full/10.3109/01443615.2015.1127905