Não há dados suficientes para indicar uma conduta mais adequada para o manejo de pacientes com hematúria assintomática1.
McDonald et al.2, em artigo publicado no American Family Phisician, propõe que todo paciente com hematúria assintomática deve ser avaliado para possível causa glomerular (sinais sugestivos: proteinúria>300 mg/24hs, creatinina sérica elevada, cilindros hemáticos na urina e presença de hemáceas dismórficas na urina). Glomerulopatia, a princípio, deve orientar o Médico de Família e Comunidade a encaminhar o paciente ao nefrologista. Na presença de hematúria, o exame qualitativo de urina (EQU) deve ser repetido após pelo menos 48 horas para verificar se a hematúria é persistente ou transitória.
Algumas causas de hematúria transitória assintomática que podem ser averiguados sem a necessidade de investigação complementar são: – exercício vigoroso; – intercurso sexual; – trauma; – toque retal; – menstruação; – medicações como: aminoglicosídeos, amitriptilina, analgésicos, aspirina, anticonvulsivantes, clorpromazina, diuréticos, contraceptivos orais, penicilinas, varfarina, etc.
Naqueles pacientes não contemplados por uma das causas citadas acima, sugere-se que seja realizado algum exame de imagem para avaliação do trato urinário superior.
A escolha de um dos três exames abaixo citados deve ser feita, levando-se em conta os custos e benefícios de cada um deles, além da disponibilidade:
- Ecografia de vias urinárias: mais barato e seguro. Adequado para detecção de massas renais e hidronefrose. Menos sensível para detecção de tumores sólidos menores de 3 cm.
- Urografia endovenosa: Adequado para detecção de massas renais maiores de 3 cm. Menor sensibilidade para detecção de massas renais menores de 3 cm e exposição a contraste potencialmente nefrotóxico são limitações.
- Tomografia computadorizada: mais sensível para detecção de cálculos renais, além de pequenas massas tumorais renais. Uso limitado pela indisponibilidade em algumas áreas e alto custo.
Paralelamente, para avaliação do trato urinário inferior, recomenda-se que seja realizada citologia urinária. Para aqueles pacientes com citologia negativa, de baixo risco, não é necessário nenhuma avaliação complementar. No entanto, pacientes de alto risco para tumores uroteliais (idade superior a 40 anos, história de tabagismo, exposição ocupacional a certas “tintas” e história de câncer urológico) devem, mesmo com citologia negativa, ser encaminhados para realização de cistoscopia.