Qual a conduta frente a infecção urinária em gestantes? Quais as repercussões para o feto?

| 23 março 2021 | ID: sofs-43302
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,

As gestantes diagnosticadas com infecção do trato urinário (ITU) não complicada, as cistites, devem ser tratadas com antibióticos ambulatorialmente, sendo que a escolha precisa estar direcionada para cobertura de germes comuns, além da observância da disponibilidade de acesso ao medicamento e pode ser modificada após a identificação do agente e a determinação de sua susceptibilidade pelo antibiograma(2).

Habitualmente, os antibióticos utilizados incluem a Nitrofurantoína 100 mg, uma cápsula, de 12/12 horas, por 5 a 7 dias (evitar após a 36ª semana de gestação, devido ao risco de hemólise em pacientes com deficiência de G6PD); Cefalexina (500 mg), uma cápsula de 6/6 horas, por 5 a 7 dias; Amoxicilina-clavulanato (500 mg), uma cápsula, de 8/8 horas, por 5 a 7 dias. A urocultura é repetida após 07 dias de finalizado o tratamento(2-7).

Já a gestante com ITU complicada deve ser encaminhada para unidade hospitalar.

A ITU na gestação está associada à rotura prematura de membranas, ao aborto, ao trabalho de parto prematuro, à corioamnionite, ao baixo peso ao nascer, à infecção neonatal, além de ser uma das principais causas de septicemia na gravidez(1).


A ITU complicada está associada a anormalidades estruturais ou funcionais do trato urinário e se caracterizam por envolvimento de grande variedade de patógenos com maiores resistências aos antimicrobianos. São sinais de ITU complicada, a presença de febre, taquicardia, calafrios, náuseas, vômitos, dor lombar, com sinal de Giordano positivo e dor abdominal(2).

Bibliografia Selecionada:

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco. (Cadernos de Atenção Básica, n° 32) [recurso eletrônico] – 1. ed. rev. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2013:318p.([acesso em 17 abr 2019) Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_32.pdf
  2. Brasil. Ministério da Saúde.    Protocolos da Atenção Básica: Saúde das Mulheres. Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa – Brasília – DF. 2016:230p. (acesso em 17 abril 2019) Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolos_atencao_basica_saude_mulheres.pdf
  3. Duncan BB, Schimdt MI, Giugliani ERJ. Medicina ambulatorial. (Ed.). Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013
  4. Gusso G, Lopes JMC. Tratado de Medicina de Família e Comunidade: princípios, formação e prática. Porto Alegre, Artmed, 2019.
  5. Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente [página eletrônica]. Principais Questões sobre Infecção Urinária na Gestação. 02 jan 2020. (Acesso em 21 fev 2020) Disponível em: http://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-mulher/principais-questoes-sobre-infeccao-urinaria-na-gestacao/
  6. Widmer M, Lopez I, Gülmezoglu A, Mignini L, Roganti A. Duration of treatment for asymptomatic bacteriuria during pregnancy. Cochrane Database of Systematic Reviews 2015, Issue 11. Art. No.: CD000491.(Acesso em 04 fev 2021) Disponível em: https://www.cochrane.org/CD000491/PREG_duration-treatment-asymptomatic-bacteriuria-during-pregnancy
  7. Hooton TM, Gupta K. Urinary tract infections and asymptomatic bacteriuria in pregnancy [Internet]. Waltham (MA): UpToDate, 2017. [Acesso em 15 mar 2021]. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/urinary-tract-infections-and-asymptomatic-bacteriuria-in-pregnancy#:~:text=Without%20treatment%2C%20as%20many%20as,Rationale%20for%20treatment’%20below