Qual a conduta diante de um contato de tuberculose com resultado de teste tuberculinico acima de 10 mm?

| 22 outubro 2019 | ID: sofs-42862
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,

Frente a um contato de tuberculose, com resultado do teste tuberculínico acima de 10mm, deve-se realizar o tratamento para tuberculose latente(1,2). Segundo protocolos do Ministério da Saúde tem indicação de tratamento para infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis contatos adultos e crianças com PT ≥ 5mm ou Interferon Gamma Realease Assay (IGRA) positivo, independentemente da vacinação prévia com Bacillus Calmette-Guérin (BCG)(1,2). O diagnóstico de tuberculose latente se dá pelo resultado positivo do teste tuberculínico, associado a exclusão do diagnóstico de tuberculose ativa(3). É importante considerar que, o tratamento está contra-indicado para pacientes em uso de corticosteróides (TT ≥ 5mm) que estão com idade ≥ 65 anos ou portadores de diabetes mellitus (TT ≥ 10 mm). Em grávidas Human Immunodeficiency Virus (HIV) negativas, é recomendado iniciar o tratamento da tuberculose latente somente após o parto e, em grávidas HIV positivas, o tratamento deve ser iniciado após o 3º mês de gestação(3).


A tuberculose latente (ILTB) é definida como a presença de uma resposta imune específica contra o M. tuberculosis na ausência de sinais clínicos de doença(2,4). O número de bacilos viáveis nesses casos é desconhecido, mas acredita-se que seja baixo(2,3). O risco de reativação da tuberculose em um indivíduo com tuberculose latente documentada é de 5-10% ao longo da vida, e a maioria desenvolve a doença nos 5 primeiros anos após a infecção inicial(2,4). No entanto, esse risco depende de vários fatores, sendo o mais importante o status imunológico do indivíduo(2,4). Atualmente, no Brasil, dois esquemas terapêuticos são recomendados para o tratamento da ILTB: um com isoniazida e outro com rifampicina(3,4). No esquema de tratamento com isoniazida é adotada a dose de 5 a 10 mg/kg de peso, até a dose máxima de 300mg/dia(3,5).  Nesse esquema terapêutico, o mais importante é o número de doses tomadas, e não somente o tempo de tratamento(4,5). Então, os esforços devem ser feitos para que a pessoa complete o total de doses programadas(4,5). Recomenda-se a utilização de 180 doses, que poderão ser tomadas de seis a nove meses, ou 270 doses, que poderão ser tomadas de nove a doze meses(3,4). No esquema de tratamento com rifampicina é adotada a dose de 10 mg/kg de peso até a dose máxima de 600 mg por dia(4,5).  Nesse esquema terapêutico, recomenda-se a utilização de 120 doses, que poderão ser tomadas de quatro a seis meses(4,5).  O esquema com rifampicina é a primeira escolha, no Brasil, em indivíduos com mais de 50 anos, em pessoas com hepatopatias, em contatos de pacientes com monorresistência ou intolerância à isoniazida, e crianças menores de 10 anos(4,5).  A Rifampicina está contraindicada nas pessoas vivendo com o vírus HIV (PVHIV) em uso de inibidores de protease e dolutegravir.

Atributos da APS:

Acesso – A abordagem humanizada e o estabelecimento de vínculo entre profissional de saúde e usuário auxiliam tanto no diagnostico como na adesão ao tratamento.

Coordenação do cuidado – A equipe de saúde deve estar ciente e participar de recomendações que o paciente possa receber em ambulatórios especializados ou com outros profissionais fora do território de atuação do Centro de Saúde.

Longitudinalidade – É importante o acompanhamento desses pacientes ao longo do tempo, com o vínculo é possível conhecer suas fragilidades e individualizar o seguimento.

Bibliografia Selecionada:

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Protocolo de vigilância da infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis no Brasil. Brasília; 2018:32p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_vigilancia_infeccao_latente_mycobacterium_tuberculosis_brasil.pdf

2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em Doenças Transmissíveis. Coordenação Geral do Programa Nacional de Controle da Tuberculose. Nota informativa nº 08, de 2014 CGPNCT/DEVEP/SVS/MS. Recomendações para controle de contatos e tratamento da infecção latente da tuberculose na indisponibilidade transitória do Derivado Proteico Purificado. Brasília; 2014:4p. Disponível em: http://portal.saude.pe.gov.br/sites/portal.saude.pe.gov.br/files/nota_informativa_ppd.pdf

3. Cailleaux CM. Diagnóstico e Tratamento da Tuberculose Latente. Pulmão RJ. 2012;21(1):41-5. Disponível em: http://www.sopterj.com.br/wp-content/themes/_sopterj_redesign_2017/_revista/2012/n_01/10.pdf

4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de recomendações para o controle da tuberculose no Brasil. (Série A. Normas e manuais técnicos). Brasília; 2011:284p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_recomendacoes_controle_tuberculose_brasil.pdf

5. World Health Organization. Latent tuberculosis infection: Updated and consolidated guidelines for programmatic management. Geneva; 2018:78p. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/260233/9789241550239-eng.pdf;jsessionid=645825A424A2C848A51AA38BDA325D23?sequence=1