Quais tratamentos disponíveis para retração gengival sintomática?

| 9 agosto 2010 | ID: sofs-5022
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH:
Graus da Evidência:

Não foram encontradas revisões sistemáticas indicando qual o melhor tratamento para a sensibilidade dentinária e não há consenso na literatura sobre qual a melhor estratégia terapêutica. Abaixo, alguns dos prcedimentos indicados pela literatura científica:
Para o tratamento da hipersensibilidade dentinária, primeiramente, devemos realizar um diagnóstico diferencial, pois existem outras situações clínicas com os mesmos sintomas da hipersensibilidade dentinária: fraturas coronárias, restaurações defeituosas, invaginações do esmalte, trauma oclusal e patologias pulpares. Os sintomas da hipersensibilidade dentinária podem regredir sem tratamento, assim como a permeabilidade dentinária pode diminuir espontaneamente.
A dessensibilização ocorre também por processos naturais, tais como dentina reparativa, dentina esclerótica e formação de cálculos na superfície dentinária. Em relação ao tratamento, os vernizes cavitários têm valor clínico no tratamento da hipersensibilidade dentinária, devido à sua ação seladora nos túbulos dentinários; porém, seu tempo de efeito é muito curto, pois são rapidamente removidos pela saliva.
Ultimamente, tem-se utilizado um verniz com flúor (Duraflor), de modo a obter alívio mais duradouro Quanto aos corticosteróides, o mais empregado tem sido a Prednisolona a 1%, em diferentes soluções.
Sua efetividade não está firmemente comprovada, como demonstram os resultados de alguns trabalhos. A ação dos corticosteróides é anti-inflamatória e, com isso, aqueles que preconizam o seu uso consideram a hipersensibilidade dentinária um processo inflamatório.
O hidróxido de cálcio tem sido um agente muito empregado no tratamento da hipersensibilidade dentinária, bloqueando os túbulos com formação de dentina esclerótica e não sendo irritante para a polpa. Seu pH alcalino e seus íons cálcio podem facilitar o depósito de fosfato de cálcio dentro dos túbulos dentinários.
As desvantagens são a baixa solubilidade e sua combinação com o dióxido de carbono do ar para formar carbonato de cálcio, composto inativo.
Paralelamente ao tratamento com hidróxido de cálcio, deve-se controlar a ingestão de ácido, pois este inativa a ação do Ca(OH)2. A ação do flúor sobre a superfície dentária é dada pela sua união com íons cálcio, resultando em fluoretos de cálcio e reduzindo o diâmetro dos túbulos. O tamanho do cristal formado é pequeno (0,05 mm) e menos efetivo do que os formados por outros compostos, que são de maior tamanho, e, além disso, os cristais de flúor se perdem com rapidez, especialmente os de fluoreto de sódio.
O fluoreto de sódio acidulado adere mais na dentina, em concentrações maiores, do que o fluoreto de sódio puro na dentina, porém, perde-se mais rapidamente. O fluoreto de sódio associado à sílica é mais efetivo que o fluoreto de sódio no tratamento da hipersensibilidade dentinária, tendo a grande vantagem de não afetar os tecidos moles, de ser inócuo à polpa e de não escurecer os dentes.
O fluoreto de estanho foi utilizado para o tratamento de dentes sensíveis por Miller et al., em 1969. Seu mecanismo de ação provavelmente é dado pela formação de uma película com partículas de flúor e estanho, obliterando os túbulos dentinários.
A utilização do sulfato de magnésio a 4% com iontoforese revelou o bloqueio na transmissão dos impulsos nervosos, registrando efeitos tranquilizante, analgésico e anestésico. O sulfato de magnésio tem sido utilizado com sucesso no tratamento da nevralgia trigeminal. Em resumo, a associação do sulfato de magnésio com a iontoforese é um novo e potente agente dessensibilizante, preenchendo muitos dos seguintes requisitos: não ser irritante, não ameaçar a integridade pulpar, ser de fácil aplicação e possuir ação rápida, não causando escurecimento da estrutura dental.
Os oxalatos estão sendo bastante usados, pois são de baixo custo para o paciente. Os compostos utilizados são o oxalato férrico e o oxalato de potássio, que reagem com íons cálcio do fluido dentinário para formar cristais de oxalato de cálcio, obliterando a luz dos túbulos. As resinas e os adesivos dentários são utilizados para obliterar os túbulos e evitar movimento de fluidos dentro deles.
O ionômero de vidro é hidrofílico e não requer ataque ácido, tem boa adesão e estética favorável, além de propiciar a liberação de flúor.
Para o uso desses materiais adesivos, devemos sempre secar a dentina com jato de ar paralelamente à superfície dentinária, retirando certa quantidade de líquido e melhorando a adesão, pois, sobre túbulos cheios de líquido, não há penetração do material. Com relação ao tratamento caseiro, ele é feito com dentifrícios, no intuito de controlar a hipersensibilidade dentinária.
Algumas vantagens dos dentifrícios são: fácil aquisição, menores custos em relação às visitas ao consultório dentário, fácil utilização e o fato de não serem invasivos. Os dentifrícios à base de cloreto de estrôncio atuam obstruindo os túbulos dentinários e criando uma barreira impermeável, devido à sua afinidade com tecidos calcificados, estimulando a formação de dentina reparativa e diminuindo a sensibilidade.
O dentifrício à base de nitrato de potássio restabelece o fluxo de potássio no interior do odontoblasto perdido por estímulos externos, estabilizando a polaridade das terminações nervosas.


Bibliografia Selecionada:

  1. Absi, E. G. et al. Dentine hypersensitivity – The effect of toothbrushing and dietary compounds on dentine in vitro: a SEM study. J Oral Rehabil. 1992;19:101-10. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1517870 Acesso em 9 ago 2010.
  2. Brough KM, et al. The effectiveness of iontophoresis in reducing dentin hypersensitivity. J Am Dent Assoc. 1985.111:761. apud RICO AJ. Hipersensibilidad dentinal. Acta Clin Odontol. 1992;15(28):25.
  3. Green BL, et al. Calcium hydroxide and potassium nitrate as desensitizing agents for hypersensitive root surfaces. J Periodontol. 1977;48:667, apud Rico AJ. Hipersensibilidad dentinal. Acta Clin Odontol. 1992;15(28):25. Disponível em: http://www.joponline.org/doi/abs/10.1902/jop.1977.48.10.667 Acesso em: 9 ago 2010.