A partir dos anos 1960, as brasileiras apresentaram uma vertiginosa queda da fecundidade. Para isso, recorreram principalmente à pílula anticoncepcional e à esterilização cirúrgica. A esterilização era o método contraceptivo mais usado no mundo, incluindo o Brasil, onde 28% dos casais que recorriam à contracepção tinham optado por esse método. Atualmente o DIU é o método contraceptivo reversível mais utilizado no mundo. Aproximadamente 13% dos casais utilizam o DIU. Isso acontece mais em países desenvolvidos que em desenvolvimento.
Dados da PNAD 1986 indicavam diferenças regionais no uso dos diferentes métodos contraceptivos e apontavam diferenças de práticas contraceptivas entre pessoas de condições socioeconômicas distintas. O Rio Grande do Sul, por exemplo, apresentava a menor taxa de esterilizações do país em 1986. Das mulheres entre 15 e 54 anos e em união, 12,7% estavam esterilizadas (IBGE, 1986). A comparação entre estados brasileiros permitiu associar a esterilização ao grau de pobreza da região, pois os estados do Nordeste e do Norte estavam entre os que apresentavam taxas mais elevadas de mulheres esterilizadas.
Cinquenta por cento das gestações não são desejadas. Por muitas razões, incluindo a dificuldade de obtenção de contraceptivos. Com esta dificuldade de acesso aos métodos contraceptivos no momento da relação sexual, muitas vezes não se usa nenhum método contraceptivo ou se utiliza um método pouco efetivo de contracepção para prevenir essas gestações indesejadas.
A primeira relação sexual está acontecendo cada vez mais cedo. É muito importante que adolescentes e jovens estejam informados sobre sexo seguro, incentivando-se o uso de preservativos masculino ou feminino em todas as relações sexuais. Uma pesquisa com adolescentes grávidas demonstrou baixo conhecimento sobre anatomia e fisiologia dos órgãos genitais femininos, assim como sobre aspectos fisiológicos da reprodução. Quando engravidaram, 21,5% das adolescentes relataram estar usando algum método contraceptivo, atribuindo a ocorrência da gravidez à falha ou ao mau uso do método. A interrupção ou mau uso dos métodos contraceptivos é determinante na fertilidade. A interrupção do uso do DIU é menos frequente do que os outros métodos. A taxa de continuação do uso do DIU é de 70% depois de três anos de uso.
Os primeiros DIU continham cobre somente ao redor da haste vertical. Atualmente se adicionou cobre extra também nas hastes horizontais, com o objetivo de proporcionar uma maior efetividade. O mecanismo anticonceptivo principal do DIU de cobre consiste em prevenir a fecundação mediante a inibição da mobilidade do esperma, ao estimular uma reação inflamatória que é espermicida. Além disso, modifica o âmbito intra-uterino, tornando mais difícil a fecundação. Os DIU TCu380A e TCu380S apresentam taxas mais baixas de gravidez, além de terem duração mais extensa de uso, o que faz com que diminua a necessidade de troca e então as consequências da adaptação do DIU no organismo. Cada vez mais as mulheres nulíparas elegem o DIU como seu método preferido de anticoncepção. Os critérios de elegibilidade da OMS para o uso do DIU aconselham às nulíparas o uso deste método, pois não há diferença na efetividade.
A assistência em anticoncepção pressupõe a oferta de todas as alternativas de métodos anticoncepcionais aprovadas pelo Ministério da Saúde, bem como o conhecimento de suas indicações, contraindicações e implicações de uso, garantindo à mulher, ao homem ou ao casal os elementos necessários para a opção livre e consciente do método que a eles melhor se adapte.
Na decisão sobre o método contraceptivo a ser usado, o profissional deve esclarecer e divulgar as vantagens e desvantagens de cada método, respeitando a escolha da mulher, do homem ou do casal, levando em conta os fatores individuais e situacionais relacionados ao método.