Quais são as recomendações para o uso de talidomida no tratamento da reação hansênica?

| 4 fevereiro 2021 | ID: sofs-43614
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,

A Talidomida pode ser administrada por longos períodos em casos graves e reincidentes de reações hansênicas, conforme apresentação do quadro. É importante que, depois de uma dose inicial de 300 a 400 mg por dia (que frequentemente controla a reação em 48 horas), a mesma seja reduzida gradualmente para um nível de manutenção (em torno de 100mg por dia).

A corticoterapia associada é necessária especialmente na agudização, podendo ser sistêmica, com uso de prednisona 40mg a 60mg / dia de 7 a 10 dias. Este período pode estender-se mais ou a dose ser maior, conforme o quadro e a resposta do paciente. Corticoterapia local (infiltrações) também pode ajudar.

Pode haver casos de remissão e retorno dos sintomas, devendo a medicação ser reintroduzida – exames laboratoriais são indicados para os quadros de uso prolongado. O acompanhamento clínico durante seu uso com consultas rotineiras com especialista é essencial, com especial atenção para o desenvolvimento de neuropatia periférica, que deve levar à interrupção imediata da droga.

Outras medicações, com menor eficácia e menores evidências científicas, como metotrexato, dapsona e hidroxicloroquina, podem ser utilizadas, conforme recomendação de especialista.


O alto risco de teratogenicidade da talidomida implica em controle e limitações no seu emprego. Sua prescrição deve ser rigorosamente acompanhada de métodos contraceptivos para mulheres em idade fértil, e orientações aos seus usuários sobre os efeitos teratogênicos da droga. Destaca-se a necessidade de responsabilidade pelo uso exclusivo e individual da medicação, de forma a evitar o uso, acidental ou voluntário, por outros indivíduos.

Além da Talidomida, outras drogas podem ser utilizadas no tratamento do eritema nodoso hansênico:

●     Prednisona na dose de 0,5 a 2 mg por kg ao dia está indicada como anti-inflamatório de escolha nos casos moderados a graves. A resposta é usualmente rápida e a redução gradual pode possibilitar o período de remissão dos surtos. Embora o tratamento com corticosteroides seja efetivo, pacientes com Eritema Nodoso Hansênico (ENH) possuem o grande risco de tornarem-se dependentes dessa droga, especialmente aqueles com ENH crônico. Logo, em episódios duradouros e de difícil controle, não se recomenda seu uso.

●     Metotrexato (7,5 a 20 mg por semana), junto com baixas doses de corticosteroides, pode ser eficaz como um agente poupador de esteroides para o tratamento de reações hansênicas.

Bibliografia Selecionada:

  1. David MD, Barbara MD, Mara MD. Leprosy: Treatment and prevention. Post TW, ed. UpToDate. Waltham, MA: UpToDate Inc. Jul 27, 2020. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/leprosy-treatment-and-prevention
  2. Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina. Hanseníase: Episódios Reacionais. Projeto Diretrizes, 2003:19p. Disponível em: https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/hanseniase-episodios-reacionais.pdf
  3. Ura S. Tratamento e controle das reações hansênicas. Hansen Int. 2007;32(1): 67-70. Disponível em: http://hi.ilsl.br/imageBank/305-874-1-PB.pdf
  4. Opromolla DVA. Manifestações clínicas e reações. In: Noções de Hansenologia. 2ª. Ed. Bauru: Centro de Estudos “Dr. Reinaldo Quagliatto”. Instituto Lauro de Souza Cima; 2000:6p. Disponível em: http://hansen.bvs.ilsl.br/textoc/livros/OPROMOLLA_DILTOR_nocoes/PDF/apres.pdf
  5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Guia prático sobre a hanseníase [recurso eletrônico].Brasília –  DF, 2017:68p. Disponível em: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/novembro/22/Guia-Pratico-de-Hanseniase-WEB.pdf