Para a prevenção da doença, as gestantes devem seguir as orientações abaixo:
•Higienizar corretamente as mãos antes das refeições, após manusear lixo, após o contato com animais, após manipular alimentos e sempre que necessário; ao manipular carnes cruas, procure usar luvas.
•Evitar manusear terra ou solo e, se necessário, utilizar luvas e higienizar as mãos após a atividade.
•Consumir apenas água filtrada ou fervida; manter os reservatórios bem fechados.
•Higienizar frutas, legumes e verduras em água corrente antes do consumo da seguinte forma:
selecionar os alimentos, retirando partes deterioradas e/ou sem condições adequadas;
lavar os alimentos, um a um, em água potável corrente;
desinfectar por meio da imersão em solução clorada com 200 ppm de cloro, por 10 minutos, o equivalente a 1 colher de sopa de água sanitária para 1 litro de água;
lavar os alimentos novamente, um a um, em água potável corrente;
manter sob refrigeração até a hora do consumo.
•Congelar a carne antes do consumo. O tempo mínimo de congelamento e a temperatura ideal ainda são controversos. O Ministério da Saúde e o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) recomendam que a carne seja congelada a pelo menos 15° negativos, por no mínimo 3 dias, em freezer doméstico. No entanto, a recomendação mais conservadora sugere que a carne seja congelada em freezer doméstico a pelo menos 18° negativos, por no mínimo 7 dias. O congelador da geladeira não atinge essas temperaturas, somente o freezer.
•Higienizar tábuas de corte, facas, balcões e pia após a preparação dos alimentos.
•Evitar a contaminação cruzada de alimentos crus com alimentos cozidos.
•Não consumir carnes cruas, mal cozidas ou mal passadas e não provar a carne crua durante seu preparo; cozinhar a carne a pelo menos 67°C (ao ponto para bem passada).
•Evitar ingerir carnes defumadas ou curadas em salmoura (embutidos – salame, copa, linguiça).
•Não consumir leite e seus derivados crus, não pasteurizados, sejam de vaca ou de cabra.
•Controlar vetores e pragas (ratos, moscas, baratas e formigas), descartando corretamente o lixo doméstico e os dejetos de animais.
•Evitar contato com cães que andem soltos. Os cães também podem transmitir a doença ao sujar o pelo no solo onde haja fezes de gato.
•O principal fator de controle para a prevenção da infecção por T. gondii pelo consumo de carne é o cozimento adequado e a prevenção da contaminação cruzada.
Convívio com gatos
Ter um gato em casa não acrescenta necessariamente risco de contrair toxoplasmose se medidas preventivas forem tomadas. Mantenha o gato bem alimentado com ração, não deixe que faça ingestão de caça ou carne crua. Evite que a troca da caixa de areia de gatos domésticos seja feita por gestante. Caso não seja possível, a trocar deve ser feita com uso de luvas e pá. Deve-se evitar também o contato com fezes de gato no lixo ou no solo e lavar bem as mãos após, se isso ocorrer.
A infecção humana pelo Toxoplasma gondii é causada por meio da ingestão de cistos em carne crua ou mal cozida de animais infectados ou em frutas e vegetais contaminados, por ingestão de oocistos no ambiente (solo ou fontes de água contaminada com fezes de gatos), por transmissão transplacentária e por transplante de órgãos de um doador infectado.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) estima que aproximadamente 50% das infecções humanas estão relacionadas à ingestão de carne contaminada, sendo desconhecida a proporção de doença causada pela exposição a gatos e/ou fezes de gatos.
Bibliografia Selecionada:
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Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 110, de 6 de setembro de 2016. Dispõe sobre regulamento técnico para produtos saneantes categorizados como água sanitária e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 8 se setembro de 2016; Seção 1:173. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33920/281614/RDC_110_2016/c32ba4f9-d05e-4d35-9c40-0f4fe94e0038
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília: Ministério da Saúde. (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n° 32). 2012:318p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basica_32_prenatal.pdf
Brasil. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde. Toxicoplasmose. Brasília: Ministério da Saúde; 2015.
Centers for Disease Control and Prevention, National Center for Immunization and Respiratory Diseases. Parasites – Toxoplasmosis (Toxoplasma infection). Atlanta: CDC; 2018. Disponível em: https://www.cdc.gov/parasites/toxoplasmosis/index.html
Dubey JP. Long-term persistence of Toxoplasma gondii in tissues of pigs inoculated with T gondii oocysts and effect of freezing on viability of tissue cysts in pork. Am J Vet Res. 1988 Jun;49(6):910-3.
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