Os repelentes aprovados e considerados seguros pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso durante a gravidez são os repelentes recomendados internacionalmente à base de N,N-Dietil-meta-toluamida (DEET), icaridin ou picaridin e IR 3535 ou EBAAP(1-3) .A maioria dos repelentes de insetos contém 10-25% de DEET, mas alguns produtos contêm até 99%. Produtos contendo concentrações mais altas de DEET não oferecem maior proteção; eles apenas duram mais: um produto com 10% de DEET oferece aproximadamente 2 horas de proteção, com 20% a duração de proteção é de quase 4 horas e o de 25% fornece até 10 horas de proteção. No entanto, concentrações de 50% ou mais não aumentam o tempo de proteção(3).
Avaliações de segurança e toxicidade de repelentes a base de DEET conduzidas por agencias de saúde pública nacional e internacionais concluem que o DEET tem baixa toxicidade aguda, não representando preocupação significativa para a saúde humana quando usado conforme as instruções, e, portanto, recomendados às mulheres grávidas ou lactentes como proteção pessoal contra picadas de mosquitos, moscas, larvas, pulgas e carrapatos(3,4). Os repelentes com DEET são considerados os mais efetivos contra mosquitos responsáveis pela Zika(1,3), dengue, malária e febre amarela, porque fornecem a proteção mais longa contra picadas de mosquito(2,4,5).
Ainda que tenha uma duração de proteção menor que DEET em concentrações iguais, os repelentes contendo IR3535 ou EBAAP (etil butilacetilaminoprionato) é considerado uma opção adequada de repelente de insetos(1,2,4), incluindo casos endêmicos de malária(4). Como o DEET, o IR3535 pode ser muito irritante para os olhos e dissolver ou danificar plásticos, mas apresenta poucos riscos à segurança da saúde. Este produto é frequentemente encontrado em protetores solares. No entanto, recomenda-se evitar esses produtos porque o protetor solar deve ser reaplicado a cada duas horas, extrapolando a exposição aos repelentes de insetos(4,5).
Outra opção de repelente seguro na gravidez é picaridin ou icarardin. Uma preparação a 20% fornece proteção contra mosquitos em torno de 5 horas. A grande vantagem é sua maior tolerabilidade em relação aos repelentes de DEET: irritam menos a pele e olhos, mancham menos os tecidos da pela, não degradam plásticos, não apresentam odor e não conferem sensação de oleosidade na pele(4,5).
Os repelentes à base de PMD são recomendados por órgãos de saúde pública internacionais com segurança na gravidez. PMD é a forma feita sintética de um ingrediente do óleo de eucalipto limão (Corymbia citriodora). Uma preparação de 30% do PMD protege contra insetos e carrapatos por cerca de 4-6 horas. Como o tempo máximo de proteção do PMD é mais curto do que DEET, requer aplicação mais frequente. Os produtos PMD não devem ser confundidos com formulações de óleos essenciais à base de eucalipto, que geralmente são ineficazes por longo período de proteção contra picadas de mosquitos e não são aprovados para uso como repelentes(4,5).
Os repelentes à base de citronela, andiropa, óleo de capim-limão, óleo de cedro, óleo de gerânio, óleo de hortelã-pimenta e óleo de cravo não possuem comprovação de eficácia nem a aprovação pela Anvisa até o momento. A duração de ação desses produtos é mais curta do que à base de DEET, picaridin e PMD, exigindo a reaplicação frequente para proteção(5).
A melhor maneira de usar repelentes de insetos inclui(1-5):
· Usar repelentes de insetos apenas quando necessário e conforme recomendado na bula;
· Lavar a pele com água e sabão quando não estiver mais exposto a insetos;
· Usar repelentes apenas na pele ou roupas expostas; nunca na pele por baixo das roupas ou em cortes ou pele irritada;
· Para aplicar o repelente no rosto, borrifar nas mãos e aplicar com moderação no rosto, evitando os olhos e a boca;
· Quando usar protetor solar, aplicar primeiro o protetor solar e depois o repelente de insetos;
· Lavar bem as mãos com água e sabão após a aplicação de repelente de insetos, para reduzir a chance de entrar em contato com a boca.
Atributos da APS: O profissional de saúde deve facilitar o acesso da gestante ao serviço de saúde a fim de proporcionar maior segurança a paciente, bem como orientá-la em relação a alguns cuidados durante a gestação em especial adoção de meditas de proteção relacionada a doenças transmitidas por vetores.
SOF relacionadas:
1. Qual tipo de repelente pode ser usado por gestante?
2. Gestantes podem usar repelentes para mosquitos?
1. Brasil. Ministério da Saúde [internet]. ZikaZero: estratégia de resposta ao vírus Zika e o combate ao mosquito transmissor. [acesso em 04 jan 2022]. Brasília; 2016:103p. Disponível em: https://www.gov.br/casacivil/pt-br/.arquivos/estrategia-de-resposta-ao-virus-zika.pdf
2. Centers for Disease Control and Prevention (CDC). [internet]. Division of Vector-Borne Diseases (DVBD). Prevent Mosquito Bites. [acesso em 04 jan 2022]. Disponível em: https://www.cdc.gov/ncezid/dvbd/media/stopmosquitoes.html
3. Wylie BJ, Hauptman M, Woolf AD, Goldman RH. Insect repellants during pregnancy in the era of the Zika virus. [acesso em 04 jan 2022]. Obstet gynecol. 2016;128(5):1111-1115. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5737756/pdf/nihms905535.pdf
4. Nguyen QBD, Vu MN, Hebert AA. Insect repellents: An updated review for the clinician. J Am Acad Dermatol. 2018 Nov 2:S0190-9622(18)32824-X. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jaad.2018.10.053
5. Lo WL, Mok KL, Yu Pui Ming SD. Which insect repellents should we choose? Implications from results of local market survey and review of current guidelines. Hong Kong Journal of Emergency Medicine 2018;25(5):272-280. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/1024907918773630