Algumas plantas medicinais e fitoterápicos podem ser utilizados com segurança e eficácia para o tratamento de distúrbios do sono. No entanto não existe boa evidência que quantifique e comprove a eficácia dos mesmos para o tratamento da insônia. Os fitoterápicos que possuem mais estudos são à Valeriana Officinalise o Piper Metysticum G. Forst1.
Com relação a Valeriana Officinalis o marcador químico é o ácido valerênico, o fitoterápico diminui a latência do sono e a quantidade de sono de ondas lentas em pacientes insones ou submetidos à fragmentação do sono. O fitoterápico é recomendado para distúrbios do sono associado à ansiedade e deve ser consumido na dosagem de 45 à 125mg de extrato padronizado em ácido valerênico 1 vez à noite antes de dormir. Efeitos colaterais são raros podendo afetar o sistema gastrointestinal e, mais raramente ainda, efeitos cardiovasculares. A ingesta é contra indicada em gestantes e lactantes1,2.
Piper Metysticum G. Forst. popularmente conhecida como Kava-Kava é recomendada em estágios leves a moderados de insônia em curto prazo (1-8 semanas de tratamento), o uso crônico pode causar hepatotoxicidade. É contra indicado no caso de afecções hepáticas, gestação e lactação. A dose diária recomendada varia de acordo com a concentração de Kavapironas, de 60 a 210mg ao dia. Seu uso pode potencializar a ação de medicamentos de ação central tais como barbitúricos e psicofarmacos. O extrato é desprovido de propriedades hipnóticas e aumenta a percentagem de sono profundo1.
Outras das plantas utilizadas na forma de chás atuam na melhora do sono de forma indireta por conta da ação ansiolítica. Destaca-se a Camomila (Matricaria Chamomilla L.), Erva Cidreira (Melissa Officinalis), Maracujá (Passiflora incarnata L). Essas plantas são consideradas seguras e amplamente utilizadas pela população, no entanto destaca-se que não são recomendadas para gestantes principalmente do primeiro trimestre e, em crianças menores de três anos a dose deve ser de 1∕ 6 a 1∕4 da dose do adulto. O chá dessas plantas deve ser feito na forma de infusão na dose de 1 a 2 colheres de sobremesa para 1 xícara de água. A ingestão pode ser feita de 2 a 3 vezes ao dia, enfatizando o horário noturno1,3.
Além da prescrição de fármacos e fitoterápicos recomenda-se que a equipe utilize outras estratégias em conjunto, tais como: higiene do sono, terapia cognitivo-comportamental, terapia de controle de estímulos, terapia de restrição de sono, terapia de relaxamento e de biofeedback4. Algumas informações simples e importantes que fazem parte da higiene do sono podem ser repassadas e dialogadas com pacientes independente da causa do distúrbio do sono como a realização de atividade física diária, evitar o consumo de bebidas que contém cafeína e diminuir a frequência de atividades estimulantes no período noturno5.
Resgatar o saber popular das plantas medicinais e aliar esse conhecimento à estudos científicos de segurança e eficácia é uma forma bastante promissora para que os profissionais da atenção básica operacionalizem alguns princípios da atenção primária, como a integralidade e orientação comunitária.
É importante que o profissional esteja atento na escolha do tratamento de acordo com a classificação da insônia. A insônia pode ser um sintoma ou doença (Transtorno da Insônia-TI). O TI não deve estar associado a nenhuma doença médica, psiquiátrica ou ao uso de substâncias. Portanto antes de iniciar o tratamento deve-se descartar a insônia que esteja vinculada com a depressão, hipertireoidismo, asma, gravidez etc6.
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