Define-se gestação tardia aquela que ocorre após os 35 anos de idade. Entretanto, muitos ainda subdividem o grupo entre mulheres até 40 anos e com mais de 40 anos, por ser evidente o aumento do risco materno e perinatal ultrapassada a quarta década de vida da mulher. Dados de 2006 do DATASUS mostram um aumento de 7,9 para 9,6% de gestações neste período da vida. As mulheres que engravidam mais tardiamente, em grande parte dos casos, apresentam ótimo estado de saúde, gestações planejadas e desejadas, muitas vezes de reprodução assistida, não raro pela redução de fertilidade que a idade representa. Além desse grupo, que seria o de menor risco e melhores condições socioeconômicas, entre as gestantes tardias estão também aquelas que foram mães mais cedo e agora são multíparas, com ou sem outras doenças (comorbidades) associadas, e que se tornam um contingente vulnerável a merecer atenção especializada. Em países desenvolvidos, a gestação em mulheres acima de 35 anos aumentou substancialmente, como nos Estados Unidos em 2005, em que 14,4% das gestações foram de mulheres acima de 35 anos. A média de idade ao primeiro parto também aumentou para 25,2, 28,3 e 29,6 anos, respectivamente para os Estados Unidos, Suécia e Canadá. Nos países em desenvolvimento, grande parcela das gestações tardias é de mulheres com maior risco obstétrico, as quais começaram a vida reprodutiva mais cedo e trazem o problema inerente à multiparidade.
A gravidez na mulher entre os 40 e 45 anos é relatada na literatura médica e deve ser uma preocupação dos profissionais que dela cuidarão. Algumas publicações têm denominado as mulheres com mais de 40 anos de “grávidas pré-menopáusicas” ou grávidas “maduras” e isso já pode fornecer uma ideia sobre a baixa fertilidade nesse período. Realmente, existe uma progressiva diminuição da fertilidade (capacidade de engravidar) com o aumento da idade nessa época da vida da mulher por uma diminuição gradual da função ovariana e alterações hormonais características desta idade. A grande maioria das gestações ocorridas a partir dos 40 anos é de mulheres multíparas (várias gestações anteriores), que engravidam; frequentemente após decorrido longo período desde sua última gestação ou parto, período esse geralmente superior a 10 anos. Só mais recentemente, com o declínio da fecundidade das populações, é que a primeira gravidez em mulheres com idade mais elevada passou a constituir uma preocupação obstétrica também nos países em desenvolvimento. Entretanto, a primiparidade (primeira gestação) é a principal característica da gestação em mulheres com idade mais elevada nos países desenvolvidos.
Há praticamente um consenso entre os profissionais da saúde sobre o pior prognóstico materno e perinatal (bebê recém-nascido) da gestação em mulheres de 40 anos ou mais, quando comparadas a mulheres mais jovens. Entretanto, quando se consideram os riscos associados à gravidez de mulheres idosas, é importante ver se esses fatores são determinantes ou apenas acompanham a idade, e também a paridade, na ocorrência de piores resultados.