O risco de um fragmento radicular desencandear quadros de infecção se apresenta nos casos de fraturas apicais de dentes com necrose pulpar, especialmente quando forem foco de processos infecciosos agudos. É assim devido à contaminação bacteriana que ocorre na intimidade da dentina, ou seja, nos túbulos dentinários. É uma região inacessível aos mecanismos de defesa do hospedeiro e aos antibióticos administrados, podendo perpetuar o processo infeccioso. Este, diante da ferida cirúrgica criada pela exodontia, pode ser reagudizado, assumindo proporções preocupantes e de difícil controle pelo cirurgião .(1)
Apesar do princípio básico de indicação de remoção dos fragmentos fraturados, o cirurgião deve sempre avaliar a relação risco/benefício desse procedimento. Nos casos em que houver grandes chances de lesão de troncos vasculonervosos, introdução para o seio maxilar ou outros espaços anatômicos, seja pela localização do fragmento, seja pela falta de habilidade do cirurgião, ou a associação de ambas, pode-se considerar a opção de preservação do fragmento. Isso poderá apresentar boa evolução, principalmente nos casos de fragmentos pequenos, não luxados, ou seja, que fraturaram nas primeiras tentativas de luxação do elemento dental e de dentes que apresentavam vitalidade pulpar.(1)
Existem três condições para que uma raiz seja deixada no processo alveolar:
– O fragmento da raiz deve ser pequeno, em geral com não mais de 4 a 5 mm de comprimento.
– A raiz deve estar profundamente inserida no osso, para evitar que a reabsorção óssea posterior venha a expor a raiz, interferindo com a prótese que será construída na área edêntula.
– O dente envolvido deve estar livre de infecção e não deve apresentar áreas radiolúcidas ao redor do ápice radicular.
Isso reduz a probabilidade de infecção subsequente decorrente do fato de se deixar a raiz no lugar. No caso de essas três condições estiverem presentes, deve-se considerar a possibilidade de deixar a raiz no processo alveolar .(2)
1. Jorge WA. e colaboradores. Odontologia hospitalar: bucomaxilofacial, urgências odontológicas e primeiros socorros. Seção III: Urgências Odontológicas. Cap. 3. Acidentes e complicações em odontologia. Rio de Janeiro: Medbook. 2009:207-238.
2- Hupp JR, III Ellis E.; Tucker MR. Cirurgia oral e maxilofacial contemporânea. Cap. 08. Princípios de exodontias mais complexas. 5 Ed. Rio de Janeiro: Elsevier. [tradução Débora Rodrigues da Fonseca et al.] 2009:129-152.