Quais os resultados do Reiki e Terapia floral no tratamento das dores crônicas?

| 23 fevereiro 2021 | ID: sofs-43489
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,

O Reiki pode ser classificado como uma técnica de imposição das mãos (TIM), e uma revisão sistemática sobre a aplicação de técnicas de imposição de mãos no câncer, dor e stress-ansiedade, destacou que “os resultados demonstram que as TIM são um recurso terapêutico não convencional benéfico para pessoas em tratamento do câncer, com dor e stress-ansiedade”(1), sustentando a hipótese de que as TIM auxiliam no alívio e tratamento da dor. Uma revisão que avaliou os efeitos de algumas terapias complementares para dor decorrente do câncer de mama também chegou aos resultados de que o Reiki melhora a dor de tais pacientes(2).

Em outra revisão sistemática sobre terapias complementares, os autores apontam que o Reiki, a homeopatia e as terapias de artes criativas têm efeitos benéficos na dor do câncer em adultos(3), mas sugerem que mais estudos com amostras maiores, controlados e randomizados são necessários para melhores recomendações.

Em uma segunda opinião formativa (SOF) sobre as medicinas alternativas e complementares para o câncer(4), os autores sugerem que as práticas integrativas podem estimular a efetividade da medicina convencional, reduzindo também efeitos adversos de tratamentos ou prevenindo sintomas. Na SOF é dado destaque para a acupuntura como tratamento integrativo para dor, sendo referenciada como o maior nível de evidência, que são das revisões sistemáticas com homogeneidade.

Já sobre os florais de Bach, uma revisão sistemática(5), cita que existe baixo ou muito baixo nível de evidência para os florais. Os autores destacam ainda que não há evidências em comparação com intervenções placebo.

Para fibromialgia, por exemplo, destaca-se uma frase do consenso brasileiro, que diz que não existem evidências científicas de que terapias como chás, cristais e florais de Bach sejam eficazes(6).


Cumpre destacar que existem algumas correntes distintas que avaliam os resultados das práticas integrativas e complementares, mas geralmente encontram-se críticas acerca de poucos estudos disponíveis capazes de traçar graus de recomendação comparativa das técnicas (como Reiki e florais) com tratamentos clínicos usuais para dor. Entretanto, uma iniciativa recente (2019) apoiada pela Coordenação de Práticas Integrativas e Complementares do Ministério da Saúde, produziu mapas de evidências sobre efetividade clínica para nove práticas integrativas e complementares de saúde:  acupuntura, auriculoterapia, reflexologia, ozonioterapia bucal, plantas medicinais, yoga, meditação, shantala e práticas corporais chinesas, e mostrou, a partir de revisões sistemáticas, efeitos positivos destas práticas para doenças crônicas, cicatrização, saúde mental e outros efeitos físicos, fisiológicos e metabólicos. As práticas Reiki e Aromaterapia não foram incluídas nestes primeiros mapas de evidências. https://mtci.bvsalud.org/mapas-de-evidencia/
A aplicação de práticas integrativas e complementares no Sistema Único de Saúde (SUS) tem crescido muito nos últimos anos. O Reiki, em levantamento do Ministério da Saúde brasileiro aparece com destaque em frequência de aplicações entre diversas práticas integrativas presentes na atenção primária – sendo uma das mais aplicadas juntamente com o Lian Gong(7).

Bibliografia Selecionada:

1. Motta PMR da. Aplicação das técnicas de imposição de mãos no câncer, dor e stress-ansiedade: revisão sistemática da literatura. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas, Campinas – SP. 2014:126p. Disponível em: http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/312958

 

2. Behzadmehr R, Dastyar N, Moghadam MP, Abavisani M, Moradi M. Effect of complementary and alternative medicine interventions on cancer related pain among breast cancer patients: A systematic review. Complement Ther Med. 2020 Mar;49:102318. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0965229919319089?via%3Dihub

 

3. Bao Y, Kong X, Yang L, Liu R, Shi Z, Li W, Hua B, Hou W. Complementary and alternative medicine for cancer pain: an overview of systematic reviews. Evid Based Complement Alternat Med. 2014;2014:170396. (Acesso em 24/01/2020). Disponível em: https://www.hindawi.com/journals/ecam/2014/170396/abs/

 

4. Núcleo de Telessaúde de Santa Catarina. BVS Atenção Primária em Saúde. Segunda Opinião Formativa (SOF). As Medicinas Alternativas e Complementares (MAC) podem ser utilizadas de forma integrada com a medicina convencional no tratamento de câncer? ID: sof-21898. 06 jan 2016. (Acesso em 06/03/2020).  Disponível em: https://aps.bvs.br/aps/as-medicinas-alternativas-e-complementares-mac-podem-ser-utilizadas-de-forma-integrada-com-a-medicina-convencional-no-tratamento-de-cancer

5. Thaler K, Kaminski A, Chapman A, Langley T, Gartlehner G. Bach Flower Remedies for psychological problems and pain: a systematic review. BMC Complement Altern Med. 2009 May 26;9:16.(Acesso em 24/01/2020). Disponível em: https://bmccomplementalternmed.biomedcentral.com/articles/10.1186/1472-6882-9-16

 

6. Heymann RE, Paiva ES, Helfenstein Junior M, Pollak DF, Martinez JE, Provenza JR et al . Consenso brasileiro do tratamento da fibromialgia. Rev. Bras. Reumatol.  [Internet]. 2010  Feb; 50( 1 ): 56-66. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbr/v50n1/v50n1a06.pdf

7. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política nacional de práticas integrativas e complementares no SUS: atitude de ampliação de acesso. 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015:96p. Disponível em:  http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_praticas_integrativas_complementares_2ed.pdf