Quais os impactos dos exercícios aeróbicos para os portadores de diabetes tipo 2?

| 31 maio 2016 | ID: sofs-23700
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,
Graus da Evidência:

Existem evidências consistentes dos efeitos benéficos do exercício na prevenção e no tratamento do diabetes mellitus (DM). O exercício atua na prevenção do DM, principalmente nos grupos de maior risco (1,2), como os obesos e os familiares de diabéticos. Indivíduos fisicamente ativos e aqueles com melhor condição aeróbica apresentam menor incidência de DM tipo 2 (1). No tratamento do diabetes podemos destacar que o exercício físico é um importante aliado, atuando sobre o controle da glicemia e sobre outros fatores de comorbidade, como a hipertensão arterial e a dislipidemia (aumento de colesterol e triglicerídeos), e reduzindo o risco cardiovascular (1).


Complementação

A atividade física melhora a sensibilidade dos tecidos do corpo à ação da insulina, o que provoca melhora do controle glicêmico, pois a insulina é necessária para que a glicose proveniente dos alimentos seja levada aos tecidos. Observa-se, por exemplo, maior sensibilidade à insulina nas 24 a 72 horas após uma sessão de exercício, aumentando a captação da glicose nos músculos e nos adipócitos (células de gordura) e reduzindo a glicemia sanguínea (1,2). Qualquer atividade física, recreativa, laborativa ou esportiva pode se feita pelos diabéticos, mas devemos estar alertas para as possíveis complicações e as limitações impostas pelo comprometimento sistêmico do diabetes. Assim, recomenda-se uma avaliação médica inicial (para prescrever o plano de atividades de acordo com o quadro clínico do paciente) e avaliações periódicas do diabético que se exercita, procurando minimizar complicações (1). Antes de começar um programa de exercício intensivo, é necessário pesquisar a presença de retinopatia proliferativa (doença que acomete o fundo do olho do paciente diabético, com potencial de provocar sério comprometimento visual). Pacientes assintomáticos não precisam de avaliação com exames de rastreamento de doença cardiovascular para iniciar exercícios físicos (Grau de recomendação D). Indivíduos assintomáticos de mais alto risco cardiovascular devem ser encorajados a iniciar exercícios físicos de baixa intensidade e em períodos curtos, buscando incrementos progressivos (D) (2).
Pacientes portadores de pé diabético (pés com perda de sensibilidade ou com insuficiência vascular) devem evitar atividades que sobrecarreguem os membros inferiores, como corridas, por exemplo. Dessa forma, a natação, a hidroginástica, a bicicleta ergométrica e os exercícios com membros superiores são os mais indicados para esses grupos (1,2). Para aqueles com comprometimento visual (retinopatia diabética), em geral, recomendam-se atividades de baixo impacto, como natação, caminhada e bicicleta ergométrica, estando contraindicados os exercícios de impacto e esportes com raquete e bola (1). O maior risco na prática de exercício em diabéticos é a hipoglicemia, que pode ocorrer durante, logo depois ou horas após o final da atividade. A hipoglicemia é mais frequente em diabético dependente de insulina e naqueles que usam substâncias secretoras de insulina, (como a glibenclamida). O monitoramento glicêmico é a base para a adaptação do tratamento ao exercício e deve ser conduzido antes, durante (quando a duração do exercício for maior que 45 minutos) e depois dele, principalmente nos dependentes de insulina (1). O ideal é que a glicemia capilar esteja entre 100 e 200 mg/dl antes do início do exercício (1). Para o diabético que pratica exercício sem supervisão recomenda-se portar cartão de identificação assinalando ser portador de DM, ter sempre alguém próximo que saiba de sua condição clínica e de como agir na presença de hipoglicemia e sempre carregar fonte de carboidrato de rápida absorção (balas, sachês de mel, por exemplo) (1,2).

Tipo do exercício
Exercícios aeróbicos envolvendo grandes grupos musculares, como, por exemplo, caminhada, ciclismo, corrida, natação, dança, entre outros, podem ser prescritos de forma constante/contínua (a mesma intensidade) ou intervalada (alternando diferentes intensidades de exercício). Aquecimento e desaquecimento são fundamentais (1). Exercícios de resistência/fortalecimento muscular (musculação) também podem ser incluídos no plano de atividades do diabético, 2 a 3 vezes por semana (1,3).

Frequência e duração do exercício
A recomendação mais atual para diabéticos é de 150 minutos de exercícios de moderada intensidade por semana (o equivalente a 30 minutos de atividade por dia, durante 5 dias, por exemplo) (1,3) ou 75 minutos de exercícios de alta intensidade por semana ou uma combinação de ambos (1). A atividade física deve ser iniciada de forma gradual, como caminhadas rápidas por 5 a 10 minutos em terreno plano, aumentando semanalmente até alcançar 30 a 60 minutos diários. Nesse processo, qualquer aumento de atividade física deve ser valorizado como um ganho de saúde, e não como uma frustração de meta não alcançada. Cabe lembrar que essa orientação sempre deve vir acompanhada de orientação dietética, tendo em vista que a orientação para aumentar atividade física isoladamente não resulta em redução significativa dos níveis glicêmicos (2).

ATRIBUTOS APS

São recomendações que o Agente Comunitário de Saúde pode fornecer para a prática de exercício físico por diabéticos (1,2):

Bibliografia Selecionada:

  1. Sociedade Brasileira de Diabetes – SBD. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes: 2014-2015. São Paulo: GEN – Grupo Editorial Nacional. AC Farmaceutica, 2015. (org. José Egidio Paulo de Oliveira, Sérgio Vencio). Disponível em: <http://bibliofarma.com/download/18172/>. Acesso em: 17 maio 2016.
  2. DUNCAN, Bruce Bartholow et al. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
  3. BVS APS Atenção Primária à SaúdeQual a importância do exercício físico para os diabéticos? 2009. Disponível em: <http://aps.bvs.br/aps/qual-a-importancia-do-exercicio-fisico-para-os-diabeticos>. Acesso em: 17 maio 2016.