O diagnóstico laboratorial da cervicite causada por Chlamydiatrachomatis e Neisseria. gonorrhoeae pode ser feito por detecção de clamídia e gonococo mediante biologia molecular. Esse método é o de escolha para todos os casos, sintomáticos e assintomáticos(1).
Para os casos sintomáticos, a cervicite gonocócica pode ser diagnosticada pela cultura do gonococo em meio seletivo (Thayer-Martin modificado), a partir de amostras endocervicais(1).
Também pode ser evidenciado através dos sinais de cervicite encontrados na anamnese e no exame ginecológico(1,2):
-Anamnese:
• história clínica: avaliar práticas sexuais e os fatores de risco para IST, data da última menstruação, práticas de higiene vaginal e uso de medicamentos tópicos ou sistêmicos e/ou outros potenciais agentes irritantes locais
• fluxo vaginal: consistência, cor e alterações no odor do corrimento, presença de prurido e/ou irritação local
– Exame ginecológico (toque e exame especular):
• dor à mobilização do colo uterino,
• material mucopurulento no orifício externo do colo,
• edema cervical
• sangramento ao toque da espátula ou swab
Os sinais e sintomas da cervicite causada por C. trachomatis e N. gonorrhoeae não valem para aplicação em massa uma vez que este agravo é assintomático em até 93,3% dos casos. Outros sintomas como corrimento vaginal, febre, dor pélvica, dispareunia e disúria não constam no fluxograma de manejo clínico, mas podem estar associados ao caso(1).
A uretrite gonocócica é frequentemente assintomática em mulheres e assintomática em menos de 10% dos casos na população masculina. Para os homens sintomáticos, observa-se corrimento uretral mucopurulento ou purulento em 80% e disúria em 50% dos casos. O método de escolha para casos de uretrites sintomáticos e assintomáticos também é a detecção de clamídia e gonococo por biologia molecular. Para os casos sintomáticos, após a identificação dos sinais e sintomas clínicos, outros métodos diagnósticos disponíveis no SUS podem ser utilizados: bacterioscopia pela coloração de Gram e cultura em meio seletivo de Thayer-Martin. Na indisponibilidade destes, pode-se utilizar o teste positivo de esterase leucocitária na urina de primeiro jato ou o exame microscópico de sedimento urinário de primeiro jato, apresentando >10 PMN por campo, o qual sugere presença de infecção, mas não define o agente infeccioso(1).
Devido ao grande número de mulheres assintomáticas e a baixa sensibilidade das manifestações clínicas nas cervicites, “na ausência de laboratório, a principal estratégia de manejo das cervicites por clamídia e gonorreia é o tratamento das parcerias sexuais de homens portadores de uretrite”(2).
1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST).Brasília:Ministério da Saúde; 2020:284p. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2015/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-atencao-integral-pessoas-com-infeccoes
2. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção Básica: Saúde das Mulheres / Ministério da Saúde, Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa. Brasília: Ministério da Saúde;2016:230p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolos_atencao_basica_saude_mulheres.pdf