Os cuidados imediatos em casos de queimaduras são: (1,2)
– Resfriamento – deve ser providenciado em até dois minutos após o acidente, se possível com água corrente entre 8 e 15°c por pelo menos 20 minuto. Isso ajuda a interromper o processo da queimadura. Não se deve colocar gelo em contato direto com a pele queimada pois o frio excessivo também pode produzir queimadura;
– Remoção de roupas, joias, anéis, piercings e próteses;
– Cobrir as lesões com tecido limpo.
Em seguida, deve-se proceder à avaliação médica para determinação da superfície corporal queimada (SCQ) e a necessidade de encaminhamento para um centro especializado de queimados. Caso não haja necessidade de internamento, o tratamento será ambulatorial e o médico em conjunto com equipe de enfermagem prescreverá os cuidados a serem realizados, assim como os medicamentos e os tipos de curativos. (2,3)
COMPLEMENTAÇÃO
A pele é o maior órgão do corpo humano e constitui-se no seu revestimento externo – aproximadamente 15% do peso corporal. É constituída por três camadas: epiderme, derme e hipoderme. O nível de comprometimento dessas três camadas é que vai determinar o grau da queimadura (gravidade) e consequentemente o tratamento. (1) A grande maioria dos pacientes queimados pode ser tratada em ambiente de atenção primária. A pequena queimadura não implica risco de vida ou perda de função e evolui com epitelização espontânea, independente da terapia empregada. Contudo, um tratamento mal conduzido pode acarretar infecção da ferida e um prolongado tempo de epitelização.(2)
Cuidados com as lesões:(2)
– Limpeza: sob água corrente realizar a limpeza mecânica com esponja ou compressas de gaze para remover bactérias e partículas da ferida como, por exemplo: resto de tecido, graxa e areia.
– Bolhas, vesículas, flictenas: quando já se apresentam rotas, costuma-se remover a epiderme solta, a fim de aplicar os curativos sobre o tecido viável. Porém o rompimento em casa sem qualquer assepsia multiplica o risco de infecção bacteriana secundária. É importante lembrar que a derme viável sob as bolhas mostrar-se-á bastante dolorosa.
– Curativos: devem mimetizar a função de barreira do epitélio, protegendo o paciente da flora externa e minimizando a perda de calor e água do corpo. Diversos agentes tópicos são usados rotineiramente em pacientes queimados. Em queimaduras profundas, o principal objetivo é a proteção contra colonização bacteriana. Nas queimaduras de profundidade parcial, o objetivo é criar um ambiente úmido, que otimize a epitelização. Uma vez que a ferida mostre sinais de que está epitelizando, o curativo deve ser trocado para um método que facilite a cicatrização espontânea.
Outros cuidados: (2,3)
A profilaxia do tétano deve ser executada em todos os pacientes que não estejam com sua cobertura vacinal atualizada.
Os erros mais comumente observados no tratamento do pequeno queimado são as trocas de curativos com frequência insuficiente ou exagerada e o uso de produtos inadequados como café, babosa, manteiga, margarina, óleo de cozinha etc. Além disso, é frequente o uso de pomadas e cremes sem receita médica. Como regra, a pequena queimadura deverá ser abordada com uma pequena abrasão superficial, buscando-se rápida epitelização, conforto do paciente e reabilitação precoce.
O encaminhamento ao centro de referência em queimaduras deve ocorrer nos casos de queimaduras com sinais de infecção importante ou sistêmicas (profundas) e também para o manejo de paciente cujas queimaduras têm perspectiva de não completarem sua epitelização dentro de 21 dias.(2)
EDUCAÇÃO PERMANENTE
A interlocução entre as equipes de saúde da família e os órgãos públicos como o Corpo de Bombeiros, multiplica o potencial da Unidade de Saúde da Família (USF) enquanto centro de promoção da saúde e prevenção não só de doenças, mas também de acidentes. Projetos voltados para o público infantil, como o “Bombeiro Mirim”, e palestras na USF ou em associações locais são importantes estratégias educacionais para que os cuidados preventivos façam parte do dia a dia das pessoas. (3)