Quais os agentes tópicos que podem ser utilizados num curativo de escara sacral?

| 28 outubro 2009 | ID: sofs-3247
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,

O soro fisiológico sempre deve estar aquecido entre 35 e 37°C. As soluções utilizadas devem ser, preferencialmente, aquecidas para evitar a redução da temperatura no leito da ferida. Uma temperatura constante de 37 graus estimula a mitose durante a granulação e epitelização. Alguns autores descrevem um aumento significativo na atividade mitótica em feridas cujo curativo mantinha a temperatura próxima da temperatura corporal.
Deve-se lavar o local irrigando soro fisiológico sobre a ferida, fazer somente um furo no frasco de soro com agulha 12×30. Estudos comprovaram que a utilização da técnica do “chuveirinho” retardava a cicatrização provocando uma limpeza agressiva na ferida, dificultando assim a reconstituição dos tecidos que cobrem o leito da ferida.
A técnica de curativos pode ocasionar trauma mecânico, provocado pela limpeza agressiva (atrito com gaze, jatos líquidos com excesso de pressão), coberturas secas aderidas ao leito da ferida e/ou inadequadas que interferem no processo da cicatrização retardando a cura.
No que tange aos agentes tópicos os estudos comprovam que vários produtos estudados apresentaram melhora na cicatrização das feridas, a seguir apresentamos alguns deles e seu Grau de Evidência. Para utilização destes produtos será necessária a avaliação do profissional, condições financeiras do paciente ou dos insumos que a unidade dispõe.
Estamos disponibilizando uma tabela de agentes tópicos o qual você ira avaliar e sugerir a paciente para aquisição caso a unidade não possua estes insumos.
A manipulação destes produtos muitas vezes torna-se mais viável ao paciente desde que o local onde forem manipulados apresente idoneidade.

Agente tópico AGE/TCM Alginato de Cálcio Carvão ativado
Grau de Evidência B B,C D
Mecanismo de ação Mantém o leito da ferida úmida e aceleram o processo de granulação. Alta capacidade de absorção
Indicações Lesões abertas não infectadas. Feridas com exudação abundante com ou sem infecção. Feridas fétidas infectadas ou com grande quantidade de exudato.
Profilaxia de úlcera de pressão Feridas cavitarias.
Feridas sanguinolentas.
Freqüência de troca Em média 12h. Mediante saturação do curativo em média com 24h. Segundo a saturação em média 48h a 72h pode ser associado a outros produtos como AGE e Alginato de cálcio
Agente tópico Filme Transparente Hidrocolóides Soro Fisiológico
Grau de Evidência A, B B B
Mecanismo de ação Mantém o leito da ferida úmida e apresenta permeabilidade seletiva. É transparente e aderente a superfícies secas. Favorece o processo de autólise do tecido desvitalizado e a formação do tecido de granulação
Indicações Cobertura de incisões cirúrgicas. Feridas limpas com média e pequena quantidade de exsudato. É indicado tanto para a limpeza da ferida como para o tratamento.
Prevenção de úlceras de pressão. Prevenção de úlceras de pressão.
Fixação de cateteres vasculares. Queimaduras de segundo grau.
Coberturas de incisões, suturas cirúrgicas, e na fixação de tubos e drenos poderão ser utilizados hidrocolóides de espessura extrafina.
Feridas cavitárias podem ser utilizadas hidrocolóides em forma de pasta ou grânulos.
Frequência de troca Em média a cada sete dias Com a saturação do produto em média no quinto ou sexto dia. Conforme a saturação do curativo e em média a cada 4 horas.
Neste caso o hidrocoloide adquire uma coloração mais clara e consistência menos densa.

Categoria da Evidência: Grau A, B, C e D

A – Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência
B – Estudos experimentais ou observacionais de menor consistência
C – Relatos de casos estudos não controlados
D – Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos fisiológicos ou modelos animais


Bibliografia Selecionada:

  1. Dealey C. Cuidando de feridas: um guia para enfermeiros. São Paulo: Atheneu; 1996.
  2. Duncan BB,Schmidt MI, Giugliani ERJ. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. 3a ed. Porto Alegre: Artmed; 2004.
  3. Poletti NAA. O cuidado de enfermagem a pacientes com feridas crônicas. A busca de evidências para a prática [Tese]. Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, 2000.
  4. Santos VLCG. Avanços tecnológicos no tratamento de feridas e algumas aplicações em domicílio. In: Duarte YAO, Diogo MJD. Atendimento domiciliar: um enfoque gerontológico. São Paulo: Atheneu; 2000. p. 265- 305.
  5. Franks PJ, Moody M, Moffatt CJ, Martin R, Blewett R, Seymour E, Hildreth A, Hourican C, Collins J, Heron A; Wound Healing Nursing Research Group. Randomized trial of cohesive short-stretch versus four-layer bandaging in the management of venous ulceration. Wound Repair Regen. 2004 Mar-Apr;12(2):157-62.
  6. Flemming K, Cullum N. Therapeutic ultrasound for venous leg ulcers. Cochrane Database Syst Rev. 2000;(4):CD001180. Review. Update in: Cochrane Database Syst Rev. 2008;(1):CD001180. Disponível em: http://cochrane.bvsalud.org/doc.php?db=reviews&id=CD001180. Acesso em: 12 maio 2015
  7. Thurlby K, Griffiths P. Community leg ulcer clinics vs home visits: which is more effective? Br J Community Nurs. 2002 May;7(5):260-4.