As seguintes orientações podem ser passadas ao paciente:(1,2)
-Manter a higiene local
-Orientar quanto à hidratação oral: beber bastante água.
-Orientar quanto ao uso de creme ou óleos hidratantes após o banho para evitar a desidratação e o ressecamento, porém, evite usá-los entre os dedos.
-Orientar quanto à vigilância sobre o aparecimento de fissuras (rachaduras), feridas e quaisquer outras anormalidades, principalmente na pele dos pés. Caso aconteça, orientar o paciente a procurar atendimento médico.
A pele seca é provocada frequentemente pela neuropatia diabética (doença que atinge os nervos periféricos) e, por comprometer a elasticidade natural da pele, predispõe às fissuras (rachaduras) e às ulcerações. As orientações de autocuidado quanto às regiões de pele seca no corpo do paciente diabético iniciam-se com a prevenção das feridas. O paciente deve realizar inspeção cuidadosa e cotidiana das áreas, principalmente de seus pés, verificando se há qualquer anormalidade. Mesmo os simples calos devem ser considerados(1).
A pele seca e descamativa é habitada por microbiota bacteriana alterada. Por isso, a higiene local é importante, embora pode ser negligenciada com frequência pelo paciente por motivos que incluem as próprias limitações decorrentes do diabetes, como deficiência visual e obesidade(3). A higienização deve ser adequada e os demais cuidados, como usar óleos ou hidratantes, devem ser considerados(1). Cabe, então, ao Agente Comunitário de Saúde (ACS) orientá-lo quanto a esses pontos.
As alterações mais frequentes no pé diabético são pele seca (conhecida como xerodermia), formação de calos e traumas com risco de infecção. Quando a úlcera já está instalada, a cicatrização é o principal objetivo, de modo que, após avaliação médica, o paciente deve realizar a troca do curativo diariamente em casa, voltando à unidade de saúde para o acompanhamento(1).
É muito relevante que a equipe de saúde elabore ações educativas focadas no autocuidado com o diabetes. Ao ACS, cabe a prática de estimular os pacientes quanto às atividades de autocuidado por meio de demonstrações durante suas visitas. Seria interessante que a equipe da Unidade de Saúde oferecesse uma instrução básica de como identificar áreas corporais com alterações dermatológicas susceptíveis à formação de feridas e úlceras para que os mesmos possam instruir pacientes e familiares durante suas visitas, sempre considerando a situação socioeconômica, escolaridade de cada paciente, bem como a dificuldade de acesso a materiais de uso individual(4).
1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual do pé diabético: estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica. Brasília – DF. (Acesso em Setembro de 2021). 2016:62p.: il. Disponível em: http://www.as.saude.ms.gov.br/wp-content/uploads/2016/06/manual_do_pe_diabetico.pdf
2. Sociedade Brasileira de Dermatologia. Regional Rio de Janeiro. A pele do diabético merece atenção. Disponível em: https://sbdrj.org.br/a-pele-do-diabetico-merece-atencao/
3. Minelli L, Nonino AB, Salmazo JC, Neme J, Marcondes M. Diabetes mellitus e afecções cutâneas. An Bras Dermatol. 2003;78(6):735-747. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0365-05962003000600010
4. Libarino GN. Autocuidado em indivíduos diabéticos: o pé diabético. Revista Saúde em Foco. 2020;7(2):3-24. Disponível em: http://www4.unifsa.com.br/revista/index.php/saudeemfoco/article/view/1988