Não foi encontrado na literatura sugestões de dinâmicas de saúde bucal específicas para grupo de hipertensos. Abaixo segue a descrição de algumas dinâmicas que podem ser realizadas com adultos.
1) Dinâmicas sobre alimentação saudável:
a) Pirâmide alimentar (1) Após uma exposição inicial sobre alimentação equilibrada e a pirâmide de alimentos, o coordenador distribui para cada participante uma folha com desenho de um prato com três subdivisões, uma para cada grupo de alimento: construtores, energéticos e reguladores. Cada participante deve escrever o que comeu na última refeição, separando os alimentos em seus respectivos grupos. Posteriormente cada membro do grupo apresenta o seu prato e abre-se a discussão sobre a apreensão dos conceitos apresentados, os pontos positivos e negativos de cada refeição e as dúvidas e/ou dificuldades relativas aos hábitos alimentares.
Pode-se também optar pela construção de uma pirâmide alimentar em uma grande cartolina com recortes de revistas trazidos pelos participantes do grupo. Essa atividade é muito útil, pois todos participam de forma ativa e aprendem sobre a importância de uma alimentação balanceada. (2)
b) Alimentação equilibrada (1) O grupo é dividido em subgrupos para produção de cartazes sobre “o que é uma alimentação equilibrada” a partir de revistas e recortes de figuras. Após a tarefa, cada subgrupo apresenta o seu cartaz e o coordenador mobiliza a discussão com esclarecimento de dúvidas e conceitos básicos relacionados ao assunto. Posteriormente, o coordenador solicita ao grupo que reflita sobre as dificuldades mais comuns no dia-a-dia para manter uma alimentação saudável e aponte alternativas. Os pontos são anotados numa cartolina afixada na parede e segue-se a discussão.
2) Doenças bucais (1):
O coordenador procura saber inicialmente o que o grupo sabe sobre doença periodontal (ou cárie, ou outro assunto de interesse) pedindo que cada um fale o que lembra quando ouve esta palavra. Após esse momento, o coordenador divide o grupo em subgrupos e sorteia questões específicas relativas ao assunto (por exemplo: O que é? Quais os fatores de risco? Quais as complicações? É possível prevenir?). Cada subgrupo apresenta o assunto proposto, por meio de um cartaz ou oralmente, e o coordenador e o grupo complementam, corrigem e debatem as informações.
3) Saúde bucal (3)
O coordenador inicia o grupo afixando dois painéis em branco na parede, destinados a registrar de um lado o que os participantes sabem sobre o que contribui para a saúde bucal (pontos positivos) e, de outro, os fatores que prejudicam ou causam doença (pontos negativos).
Ao fazer essa solicitação, deve estimular o grupo a se posicionar com base nas suas experiências pessoais, o conhecimento que tem a partir do que já leu ou estudou, suas vivências familiares, as informações recebidas de diferentes fontes, procurando registrar tudo o que os participantes indicam, da forma como eles falam.
Esse primeiro momento deve transcorrer sem crítica ou discussão. Tudo deve ser registrado. O coordenador deve procurar fazer questões que favoreçam a indicação do maior espectro de fatores, de modo a listar aspectos relacionados não só ao comportamento individual, mas também aqueles associados ao meio ambiente, às condições de vida, ao acesso aos serviços de saúde, etc.
Concluída a listagem, o coordenador complementa as informações procurando destacar, a partir das próprias explicações dos participantes, o porquê dos fatores favoráveis indicados.
Em seguida, os participantes se dividem em grupos de até cinco ou seis pessoas com a tarefa de classificar, por ordem de importância, as listas de pontos positivos e negativos.
Após essa classificação irão discutir que mudanças no modo de vida são mais importantes para obter saúde bucal, assim como quais outras mudanças são necessárias, relacionando o que dificulta e o que favorece que elas aconteçam ou tenham sua viabilidade construída coletivamente. Cada grupo deve escolher um relator, que ficará encarregado de anotar as respostas do grupo.
Passa-se a discussão com todos participantes, em que os relatores apresentarão o que foi discutido em cada subgrupo, cabendo ao coordenador destacar semelhanças e discordâncias, buscando identificar e definir com o grupo o encaminhamento da atividade, através das conclusões sobre o que foi apresentado.
4) Verdades e mitos sobre saúde bucal (3)
O coordenador entrega cartões a cada participante, contendo frases em relação a verdades e mitos quanto à saúde bucal (preferencialmente devem ser usadas frases que a equipe já ouviu de sua clientela e que representam esse universo de conceitos e valores).
Exemplos de frases:
- A cárie é um furo no dente causado por um micro-organismo.
- O flúor é uma forma de proteger os dentes.
- Quando usamos o fio dental, é natural que haja sangramento gengival.
- A doença periodontal pode levar a perda de dentes.
- Pacientes hipertensos não podem consultar com o dentista.
- Os anti-hipertensivos não possuem efeitos na cavidade bucal.
- Não há como identificar a placa bacteriana “a olho nu”.
- Devemos usar fio dental para retirar os restos de alimento que ficam entre os dentes.
- O dentista é o principal responsável pelo sucesso do tratamento odontológico.
O coordenador pode preparar tantas frases quantos forem os participantes ou optar por 10 frases que se repitam duas ou três vezes (conforme o número total de participantes), orientando as pessoas que receberam cartões com as mesmas frases para se agruparem. Ao receber o seu cartão, cada pessoa deve fixá-lo num quadro, dividido em dois espaços: falso ou verdadeiro (no caso da formação de subgrupos, o coordenador deve orientar as pessoas a discutirem e chegarem a um consenso sobre a categoria em que deve ser posicionada a frase).
Após essa etapa, o coordenador pede que cada pessoa (ou subgrupo) leia e comente o que achou de sua frase, abrindo-se em seguida o debate para o esclarecimento de dúvidas.
O coordenador deve estar atento para criar um clima de respeito e confiança, evitando comentários que denotem um julgamento de valor, procurando entender a lógica que faz com que as pessoas optem por uma classificação ou por outra (valores familiares, concepções equivocadas, experiências anteriores de tratamento, etc.), de forma a contribuir para a elucidação das temáticas. Suas ponderações deverão ser no sentido de reforçar os comentários do próprio grupo que esclarecem o que está sendo debatido, assim como acrescentar informações que possam trazer esses esclarecimentos.
O passo seguinte é formar subgrupos de até cinco ou seis pessoas para que discutam e elaborem uma representação gráfica (cartaz) com aquilo que no seu dia-a-dia contribui ou dificulta para a manutenção da saúde bucal (considerando medidas individuais e coletivas).
Com todo o grupo, esses cartazes devem ser debatidos com a perspectiva de esclarecer todas as dúvidas, auxiliar na busca de soluções e conclusões sobre os aspectos que dificultam e auxiliam na manutenção da saúde bucal.
5) Dinâmica para esclarecer dúvidas “A bolsa de surpresas” (3)
Essa dinâmica tem como objetivos avaliar a compreensão dos conteúdos trabalhados durante alguma atividade, identificar aspectos dos conteúdos que ainda precisam ser tratados e relembrar os conteúdos trabalhados. O coordenador prepara perguntas para avaliar uma atividade, anotando-as em tiras de papel para que sejam colocadas em uma sacola. No grupo, cada participante tira uma pergunta da sacola e a responde imediatamente, passando a sacola para outra pessoa a seu lado. Os outros participantes do grupo podem opinar sobre as respostas de cada um. Ao final, faz-se um resumo de tudo que surgiu na avaliação – tanto o que ajudou (o que foi positivo) no encontro, como o que poderia ter sido diferente (o que foi negativo).