Quais as possíveis repercussões sistêmicas e locais quando não é feito tratamento endodôntico em casos em que há esta indicação?

| 29 janeiro 2010 | ID: sofs-3713
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH:
Graus da Evidência:

A infecção do sistema de canais radiculares deve ser combatida de forma eficaz, evitando-se assim exacerbações de lesões perirradiculares crônicas, o que poderia gerar complicações como celulite, osteomielite, septicemia, angina de Ludwig, trombose do seio cavernoso, meningite e abscessos intracranianos.
Deve-se ter em mente, contudo, que todas essas alterações sistêmicas, geralmente, apenas se desenvolvem em pacientes com saúde comprometida. Infecções crônicas subclínicas, indicadas por valores aumentados do limite normal da proteína C-reativa e outras proteínas da fase aguda, podem provocar manifestações sistêmicas, como aterosclerose, doença cardiovascular, doença cerebrovascular, nascimento prematuro ou baixo peso ao nascimento.
Fasceite necrosante na região submandibular, em conseqüência do tratamento endodôntico inadequado em molar, já foi relatada.
A infecção endodôntica pode causar complicações sistêmicas de três formas principais: através de um abscesso periapical agudo que dissemina microrganismos e seus produtos; por um procedimento endodôntico, em que os microrganismos são disseminados via sistema circulatório; e através de uma lesão inflamatória periapical crônica, pela liberação de produtos bacterianos e mediadores químicos da inflamação.
A bacteremia é tida como fator de risco para o desenvolvimento da endocardite, que é caracterizada como uma infecção bacteriana das válvulas cardíacas e do revestimento epitelial do endocárdio. Para reafirmar que outros microrganismos, além de bactérias, possam causar a endocardite, o termo endocardite infecciosa foi proposto.
A endocardite infecciosa ocorre em indivíduos portadores de estruturas cardíacas com defeitos congênitos ou adquiridos.
Os sintomas da endocardite, na maioria das vezes, iniciam-se duas semanas após a instalação da bacteremia. Estudos relatam que o número real de microrganismos introduzidos na circulação sanguínea depende do tamanho do forame apical e do grau de infecção. Em uma revisão de 4281 casos publicados de endocardite infecciosa, 637 estavam relacionados a procedimentos odontológicos.
Como alterações locais, destaca-se a agudização do processo com presença de abcesso periapical, fístula e muitas vezes a perda do dente.


Bibliografia Selecionada:

  1. Silva JM, Marceliano MFV, Souza PARS, Lamarão SMS. Infecção endodôntica como fator de risco para manifestações sistêmicas: revisão de literatura. Rev. odontol. UNESP [Internet]. 2007 [citado 2010 Jan 28];36(4):357-364. Disponível em: http://rou.hostcentral.com.br/PDF/v36n4a11.pdf Acesso em: 29 janeiro 2010.
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