Quais as orientações de enfermagem aos pacientes que possuem fissuras nas plantas dos pés?

| 24 março 2022 | ID: sofs-44805
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,

Fissuras ou rachaduras nos pés são consideradas feridas de pele de espessura parcial e correm o risco de se tornarem grandes e profundas, tornar doloroso ficar em pé, andar ou pressionar o calcanhar, além de se tornarem entrada para micro-organismos, ou seja, infecção, e riscos de úlceras, especialmente em pacientes com diabetes e doença vascular periférica(1-5). Os principais sintomas são dor, coceira, escamação seca, sangramento e constrangimento(1-5).  O tratamento inclui(1,2,6):

– Deixar os pés de molho em água morna por até 20 minutos para amolecer a pele e depois esfoliá-la. – Esfoliar com agentes catalíticos como ácido salicílico diário, que suaviza o estrato córneo, juntamente com aplicação de um emoliente adequado para hidratar os tecidos e restaurar a barreira epidérmica. – Usar preparados enzimáticos que não contenham antibióticos de acordo com protocolo local para desbridamento, se necessário. – Hidratar os pés regularmente, dando preferência a produtos que contenham ureia, pois ajuda a remover a pele morta, aumenta a absorção de água, aumenta a capacidade de retenção de água na camada córnea da pele e aumentam a elasticidade da pele. Na concentração a 20%, a ureia tem ação ceratolítica e queratolítica; influencia na expressão gênica reduzindo e regularizando a proliferação dos queratinócitos, promovendo o afinamento da pele. Fortalece a imunorregulação e expressão de lipoproteínas antimicrobianas, favorecendo ação anti-inflamatória e imunoprotetora na pele. Em suma, a uréia colabora para integridade da barreira de permeabilidade da pele e suas funções de proteção física, química, imunológica. Por isso, é utilizada no tratamento de muitas doenças de pele, incluindo hiperqueratoses. – Usar topical timolol nos cases graves de fissura – promove a migração de queratinócitos e re-epitelização. O β2-antagonista afeta a secreção do corpo lamelar, restaurando a barreira cutânea, cicatrizando as fissuras no pé. – Não usar em nenhuma fase dos curativos a solução furacinada, permanganato de potássio ou pomadas com antibióticos. – Usar protetor de silicone para calcanhar a fim de proteger a pela contra descamação e rachaduras. – Manter os pés cobertos com meias de algodão com capacidade de retenção de suor que contribui com a hidratação e evitar sapatos abertos como sandálias ou chinelos. – Usar sapatos adequados (evitar chinelos e sandálias) e evitar andar com pés descalços.


A pele do calcanhar é composta por um estrato córneo espesso para suportar a pressão do peso corporal. A presença de muitas glândulas sudoríparas nas solas dos pés e muito poucas glândulas sebáceas favorece a perda de água na superfície da pele. Hábitos como ficar em pé por períodos longos, andar descalços e uso inadequado de calçados, como sandálias e chinelos, e não uso de meias aumentam a pressão na pele e favorecem o desenvolvimento de hiperqueratose e fissuras no calcanhar. Outros fatores associados são micoses, condições médicas como diabetes ou psoríase, psoríase e eczema, hidratação inadequada, banhos quentes que ressecam a pele, falta de bons hábitos alimentares. Se os pés entrarem em contato contínuo com a água pode perder seu óleo natural e ficar seco e áspero. Os diabéticos correm risco de ulceração, calos, celulite, doença arterial periférica e neuropatia periférica(1-5).

Bibliografia Selecionada:

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus. Cadernos de Atenção Básica, n. 36.  Brasília:DF. 2013:160p Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategias_cuidado_pessoa_diabetes_mellitus_cab36.pdf

 

2. Wadekar PH, Potnis V. A Review on Heel Fissures and its Management. International Journal of Research in Engineering, Science and Management 2021;4(2): 96-98. Disponível em: https://www.journals.resaim.com/ijresm/article/view/516

 

3. Lemos GCD.  Atuação do fisioterapeuta no tratamento de úlcera plantar em pacientes com hanseníase in Moura KKCF (org.)  Congresso Nacional de Ciência e Educação. Educação e Humanização: Poética da Condição Humana. [internet]. [acesso em 25 jan 2022].  Mossoró; 2019:26-52. Disponível em:   http://catolicadorn.com.br/anais/98FE0031-4F17-45D8-AC8F-99C12CB23BAC.pdf

 

4. da Silva JS, Santo FHE, de Pinho Chibante CL. Alterações podais em idosos: revisão integrativa. Estud interdiscip envelhec. 2020;25(1):121-141. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/RevEnvelhecer/article/view/66256/58369

 

5. Cipriano BCP, Rosa FKD, de Oliveira JP, Varjão JB, da Silva KP, Almeida TM, Ribeiro CV. Complicações podais em pacientes hansenianos. [acesso em 25 jan 2022]. Revista Ibero-Americana se Podologia [internet]. 2021:3(1):1-8. Disponível em: https://iajp.com.br/index.php/IAJP/article/view/60/57

 

6. Prefeitura Municipal de Campinas. Secretaria de Saúde do Município de Campinas. [internet]. Manual de Curativos. [acesso em 25 jan 2022]. 2021:32p. Disponível em: https://saude.campinas.sp.gov.br/saude/enfermagem/Manual_Curativos.pdf