Para estabelecer um atendimento odontológico tranquilo e seguro para o paciente infantil com síndrome de Down pode-se usar técnicas de condicionamento semelhantes às utilizadas em Odontopediatria durante o atendimento tais como: moldagem ou modelagem do comportamento, reforço positivo, técnica do dizer-mostrar-fazer, dessensibilização, verbalização contínua, imitação, competição e controle de voz.1
Outros cuidados necessários durante o tratamento desses pacientes:
* O tempo na cadeira odontológica deve ser o menor possível, evitando assim desgaste desnecessário do paciente e o profissional;2
* Fazer anamnese completa e bem elaborada para levantamento das possíveis alterações sistêmicas e dos tratamentos médicos concomitantes; 2
* Estabilização da cabeça e do corpo do paciente quando necessário, evitando movimentos bruscos; 2
* Colocar e manter o paciente na linha mediana da cadeira com os braços próximos do corpo e as pernas estendidas; 2
* Ter cautela ao manipulá-los devido à instabilidade da articulação atlantoaxialna coluna cervical, evitando hiperextensão afim de não traumatizar a medula e/ou nervos periféricos;1,3
* Sempre que surgir alguma dúvida sobre a saúde do paciente, contactar o médico responsável; 2
Aspectos complementares
É importante saber que quem tem síndrome de Down apresenta características bucodentais peculiares e marcantes, como a presença de mordida aberta anterior, hipotonia da língua, dando a impressão clínica que a pessoa possui uma macroglossia, palato ogival e respiração oral.2,4 A maioria dos pacientes que possui a referida síndrome, também apresenta hipotonia dos músculos orais e periorais, o que favorece a um quadro de sialorreia ou incontinência salivar. Por conseguinte, essa musculatura deve ser estimulada, visando a um maior controle motor e a um melhor controle do fluxo salivar. Neste aspecto, o trabalho multidisciplinar envolvendo o cirurgião-dentista, fisioterapeuta e fonoaudiólogo é de extrema importância para a adequada função do sistema estomatognático. Algumas alterações dentárias são marcantes, incluindo a presença de dentes conóides, retardo de erupção, hipoplasia dentária e alta prevalência de doença periodontal.4
1. Campos, CC; Frazão, BB; Saddi, GL; Morais, LA; Ferreira, MG; Setúbal; PCO; Alcântara; RT. Manual Prático para o Atendimento Odontológico de Pacientes com Necessidades Especiais. Universidade Federal de Goiás. 2ª edição. 2009. Disponível em: https://odonto.ufg.br/up/133/o/Manual_corrigido-.pdf
2.Varellis, MLZ. O Paciente com Necessidades Especiais na Odontologia: manual prático. 2ª edição. São Paulo: Santos, 2013. p. 165-171.
3.Haddad AS. Odontologia para pacientes com necessidades especiais.São Paulo:Editora Santos; 2007.p 206-13.
4. Caldas Jr, AF; Machiavelli, JL. Atenção e Cuidado da Saúde Bucal da Pessoa com Deficiência: protocolos, diretrizes e condutas para cirurgiões-dentistas. Recife: Editora: Universitária – UFPE, 2013. Disponível em: https://cvtpcd.odonto.ufg.br/up/299/o/Livro_-_Eixo_2_-_Cirurgi%C3%B5es-dentistas.pdf?1504016031