Quais as medidas preventivas sobre Leishmaniose?

| 7 agosto 2009 | ID: sofs-2166
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,
Graus da Evidência:

Devido a extensão do tema segue abaixo as medidas de prevenção da doença e em anexo o Manual de vigilância e controle da Leishmaniose Visceral (LV) do Ministério da Saúde onde se encontra ilustrações importantes tanto de cães como de humanos.

Medidas Preventivas – Dirigidas à população humana
Medidas de proteção individual

Para evitar os riscos de transmissão, algumas medidas de proteção individual devem ser estimuladas, tais como: uso de mosquiteiro com malha fina, telagem de portas e janelas, uso de repelentes, não se expor nos horários de atividade do vetor (crepúsculo e noite) em ambiente onde este habitualmente pode ser encontrado.

Dirigidas ao vetor
Saneamento ambiental

O controle da transmissão urbana da LV é laborioso e de resultados nem sempre satisfatórios a partir de uma única aplicação residual de inseticida. Portanto, outras medidas mais permanentes são indicadas como o manejo ambiental, através da limpeza de quintais, terrenos e praças públicas, a fim de alterar as condições do meio, que propiciem o estabelecimento de criadouros de formas imaturas do vetor.
Medidas simples como limpeza urbana, eliminação dos resíduos sólidos orgânicos e destino adequado dos mesmos, eliminação de fonte de umidade, não permanência de animais domésticos dentro de casa, entre outras, certamente contribuirão para evitar ou reduzir a proliferação do vetor.

Dirigidas à população canina
Controle da população canina errante

A rotina de captura de cães errantes é essencial, especialmente em áreas urbanas, por ser fonte disseminadora de diversas doenças de importância médico-sanitária, entre elas a LV. Esta deverá ser realizada pelo município rotineiramente de acordo com as normas estabelecidas no código sanitário.

Doação de animais: cães
Em áreas com transmissão de LV humana ou canina, é recomendado que seja realizado previamente o exame sorológico canino antes de proceder à doação de cães. Caso o resultado seja sororreagente, deverão ser adotadas as medidas de vigilância e controle recomendadas pelo Programa.

Vacina antileishmaniose visceral canina
Existe uma vacina contra a leishmaniose visceral canina registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, porém sem constatação de seu custo-benefício e efetividade para o controle de reservatório da leishmaniose visceral canina em programas de saúde pública.

Uso de telas em canis individuais ou coletivos
Os canis de residências e, principalmente, os canis de pet shop, clínicas veterinárias, abrigo de animais, hospitais veterinários e os que estão sob a administração pública devem obrigatoriamente utilizar telas do tipo malha fina, com objetivo de evitar a entrada de flebotomíneos e conseqüentemente a redução do contato com os cães.

Coleiras Impregnadas com Deltametrina a 4%
Em condições experimentais, diversos trabalhos demonstraram a eficácia na utilização de coleiras impregnadas com deltametrina 4% como medida de proteção individual para os cães contra picadas de flebotomíneos. Entretanto, para a sua adoção em programas de saúde publica, a fim de interromper o ciclo de transmissão doméstico, é necessária a implementação de estudos longitudinais que demonstrem sua efetividade como medida de controle.
Os artigos encontrados na literatura sobre este assunto possuem grau de recomendação D.
No Brasil, a Leishmaniose Visceral Humana, apresenta incidência de aproximadamente 2 casos por 100.000 habitantes, com distribuição nacional heterogênea. A taxa de letalidade está em torno de 7,4%, segundo o Ministério da Saúde (MS), porém, aumenta significativamente o número de casos humanos que podem evoluir para óbito quando não tratados.
Até o ano de 2008, no Rio Grande do Sul somente ocorriam eventuais casos importados de Leishmaniose Visceral. No final desse ano, a SES recebeu notificação do Hospital Veterinário da Universidade Luterana do Brasil, em Canoas, de Leishmaniose Visceral em um cão proveniente do município de São Borja. No RGS ainda não possuímos cidades com surtos.


Bibliografia Selecionada:

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Sinan [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde [citado 2009 Fev 17]. Disponível em:  http://www.saude.gov.br/sinanweb. Acesso em: 7 agosto 2009.
  2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de vigilância e controle da Leishmaniose Visceral. Brasília: Ministério da Saúde; 2006. (Série A. Normas e Manuais Técnicos). Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_vigilancia_controle_leishmaniose_visceral.pdf. Acesso em: 7 agosto 2009.
  3. Pocai, EA, Frozza L, Headley SA, Graça DL. Leishmaniose visceral (calazar): cinco casos em cães de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. Cienc rural. 1998 Set;28(3):501-5. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-84781998000300025&script=sci_abstract&tlng=pt Acesso em: 7 agosto 2009.