Quais as indicações clínicas para a utilização do cimento de hidróxido de cálcio na prática clínica odontológica?

| 22 janeiro 2021 | ID: sofs-43556
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,

O cimento é empregado na proteção indireta do complexo dentino-pulpar, como curativos temporários e fixação de próteses provisórias. A forma de solução é útil para todos os tipos de limpeza de cavidades para desinfetá-las antes da proteção pulpar e da restauração, já a suspensão, além de ser utilizada para limpeza de preparos cavitários, é usada como película forradora em toda a superfície preparada previamente(1).

A utilização clínica dos materiais a base de hidróxido de cálcio dependerá da situação, e podendo ser utilizado em diferentes formas de apresentação, tais como: pó (Pró-Análise – P.A.), pasta, cimento, solução e suspensão. As formas P.A. e pasta, são empregados em casos de proteção pulpar direta(1).


Uma das principais propriedades do hidróxido de cálcio é a sua atividade antimicrobiana, que ocorre devido ao seu pH alcalino, e está relacionada à dissociação iônica em íons hidroxila e íons cálcio(1,2). Essa liberação de íons hidroxila altera as propriedades da membrana citoplasmática bacteriana, prejudicando as funções vitais como metabolismo, crescimento e divisão celular(2).

Essa dissociação iônica ativa enzimas como a fosfatase alcalina, estimulando a formação de dentina secundária, além de que o pH básico favorece a hemostasia e causa necrose superficial das células pulpares, induzindo as células mesenquimais indiferenciadas a se diferenciar em odontoblastos que consequentemente irão produzir dentina reparadora, promovendo a formação da ponte dentinária(2). O seu efeito cauterizante sobre a polpa exposta causa uma necrose superficial por coagulação, reduzindo a liberação de mediadores químicos da inflamação proporcionando uma recuperação mais rápida e completa do tecido pulpar, culminando na formação de uma barreira mineralizada(2).

Os materiais que promovem proteção pulpar devem apresentar, preferencialmente, uma densidade óptica com radiopacidade maior do que das estruturas dentárias(2,3). Para alcançar essa propriedade são adicionadas à composição do cimento de hidróxido de cálcio, partículas de tungstato de cálcio ou sulfato de bário, permitindo ao profissional, visualizar a presença do material durante o exame radiográfico(2,3). Possui baixa condutibilidade térmica, mas essa propriedade não fica evidenciada devido a sua fina espessura de aplicação, que deve ser aproximadamente 0,5mm entre a base e o tecido dentinário(2,3).
Não promove reações tóxicas ou imunológicas quando inserido ou em contato com tecido vivo, sendo um material biocompatível. Em geral seus aspectos positivos incluem baixo custo, fácil aplicação e considerável efetividade quando empregado corretamente, além de seu pH entre 11 e 12 conferir um papel bactericida e bacteriostático.(2,3)

Bibliografia Selecionada:

1. Lavôr MLT, Silva EL, Vasconcelos MG, Vasconcelos RG.  Uso de hidróxido de cálcio e MTA na odontolgia: conceitos, fundamentos e aplicação clínica. SALUSVITA. 2017;36(1):99-121. Disponível em: https://secure.unisagrado.edu.br/static/biblioteca/salusvita/salusvita_v36_n1_2017_art_09.pdf

2. Pereira JC, et al. Dentística: uma abordagem multidisciplinar. 1º ed. São Paulo: Artes médicas; 2014:344p.

3. Li Z, Cao L, Fan M, Xu Q. Direct Pulp Capping Whit Calcium Hydroxide or Mineral Trioxide Aggregate: A Meta-analysis. J Endod. 2015;41(9):1412-17. Disponível em: https://www.jendodon.com/article/S0099-2399(15)00381-7/fulltext