A Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek, conhecida popularmente como espinheira santa, pode ser utilizada nas gastrites, dispepsias e no tratamento coadjuvante de úlceras pépticas. Atua como reguladora das funções estomacais e promove a proteção da mucosa gástrica1,2,3.
Em revisão realizada sobre as propriedades farmacológicas da Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek, há relato de dois ensaios clínicos sobre a atividade da planta em pacientes com dispepsias e úlcera péptica. Em uma das pesquisas, os pacientes que utilizaram liofilizados (ausência de água, e bactérias no extrato) de espinheira santa apresentaram melhora significativa da sintomatologia dispéptica global e dos sintomas de azia e gastralgia, comparado ao grupo placebo. O segundo estudo investigou vinte pacientes portadores de úlcera péptica, os quais dez receberam tratamento com cápsulas diárias de liofilizado de espinheira santa e dez receberam placebo. Devido ao número de desistências e a cicatrização de úlceras também ter ocorrido no grupo placebo os resultados não foram estatisticamente relevantes. Ressalta-se a necessidade do aprofundamento das pesquisas clínicas em um maior número de pacientes que deverá ser observado por um período de 4 a 6 meses para que se possa ter uma resposta conclusiva sobre o efeito cicatrizante da espinheira-santa, já que os estudos de farmacologia pré-clínica são positivos2.
Além da Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissekexistem outras espécies conhecidas popularmente como espinheira santa conforme se observa no quadro abaixo:
Nome científico | Nome popular | Uso popular | Partes usadas | Via, Forma de utilização posologia e modo de usar | Efeitos adversos e toxicologia | Contra-indicação |
Espinheira-santa | Azia, dispepsias, úlceras | Folhas | Infusão com uma colher de sobremesa de folhas em uma xícara de água quente 3 vezes ao dia | Pode diminuir a produção de leite
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Evitar em grávidas e lactantes.
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Maytenus aquifolia
Família: Celastraceae |
Espinheira-santa | Azia, dispepsias, úlceras, mesmo uso da M. ilicifolia
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Folhas | Infusão com uma colher de sobremesa de folhas em uma xícara de água quente 3 vezes ao dia | Pode diminuir a produção de leite
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Evitar em grávidas e lactantes.
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Zollernia ilicifolia (Brongn) Vog.
Família: Fabaceae |
Espinheira-santa | Azia, gastrites
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Folhas | Infusão com uma colher de sobremesa em uma xícara de água quente | Não há estudos, relatos sugerem cautela no uso | Por falta de estudos é melhor evitar uso em grávidas |
Sorocea bonplandii (Baill.) W.C. Burger,Lanj.& Wess.Boer
Família: Moraceae |
Espinheira santa, chincho, folha da serra, ñanboyta | Azia, gastrites | Folhas | Infusão da folha | Não há relatos | Não há relatos |
Como não há muitos estudos da utilização das outras espécies de espinheira santa optou-se for dar ênfase aos aspectos terapêuticos e toxicológicos da Maytenus ilicifoliaMart. ex Reissek..As ações dessa plantana úlcera péptica e gastrite envolvem mais de um mecanismo de ação e não se deve somente a um princípio ativo específico, mas a diferentes fitocomplexos, dentre esses, pode-se citar os terpenos, taninos, ácidos fenólicos e flavonoides2.
Modo de uso (pessoas acima de 12 anos)
Infuso: tomar 150 mL (3g das folhas secas em 150ml de água) logo após o preparo, três a quatro vezes ao dia1.
Cápsulas: Tomar 2 cápsulas 3x ao dia (padronização de 13,3mg de taninos totais por cápsula) dose diária de 60 a 90 mg de taninos totais expressos em pirogalol4.
Tintura: tomar 10 a 20mL (da tintura a 20%) dividido em 2 ou 3 doses, diluído em água5.
Contra-indicações:
Pacientes com histórico de hipersensibilidade e alergia a Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek. O infuso ou medicamento fitoterápico não é recomendado durante a lactação e a gravidez, pois diminui a produção de leite e pode provocar contrações uterinas4. Não há relatos na literatura de interações medicamentosas6.
É importante lembrar que os medicamentos fitoterápicos a base de M. ilicifolia fazem parte da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME). As formas farmacêuticas recomendadas são: cápsula, emulsão, solução oral e tintura, logo, as equipes de saúde podem inclui-los na Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (REMUME) e adquiri-los pelo componente básico da Assistência Farmacêutica3.
A recomendação da utilização da Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek em pacientes com úlcera gástrica mostra-se favorável, possui baixa densidade tecnológica, fácil acesso e baixo custo, além de valorizar o saber popular, corroborando o princípio da integralidade da atenção. Ressalta-se a importância da educação permanente na atualização periódica de evidências clínicas que corroborem a etnofarmacologia da planta.
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