A vacina contra o Papiloma Vírus Humano (HPV) é usada na prevenção do câncer do colo de útero(2-5) e está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas entre 9 e 14 anos e meninos entre 11 e 14 anos, pois esta vacina é mais eficaz se usada antes do início da vida sexual, ou seja, aos não expostos ao vírus(2,3). Para garantir o maior número de imunização possível, a vacina foi incorporada no calendário nacional e, portanto, estão disponíveis nas unidades de saúde. Devem ser tomadas duas doses, com intervalo de seis meses(6).
O vírus HPV é a principal causa do câncer do colo de útero, o terceiro tipo mais frequente entre as mulheres, além do câncer da vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe e boca. Cerca de metade das mulheres diagnosticadas com câncer de colo do útero tem entre 35 e 55 anos de idade. Muitas provavelmente foram expostas ao HPV na adolescência ou na faixa dos 20 anos de idade(1).
Grupos especiais, como pessoas com imunossupressão, vivendo com HIV/Aids, transplantados ou portadores de cânceres, a faixa etária para a vacina HPV é mais ampla – até 26 anos de idade para os homens e até 45 anos de idade para as mulheres. A imunossupressão é reconhecida como um dos principais fatores de risco para infecção pelo HPV e para o desenvolvimento de lesões tumorais e verrugas genitais. O esquema vacinal é de três doses (intervalo de 0, 2 e 6 meses). No caso dos portadores de HIV, é necessário apresentar prescrição médica(2-4).
O HPV é uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns no mundo e geralmente é contraído e transmitido durante relação sexual ou contato sexual pele a pele com alguém que tem o vírus(5). Pode ser transmitido mesmo quando os preservativos são usados e até mesmo em relações mutuamente monogâmicas. Como o HPV resiste ao ressecamento extremo e à desinfecção, ele pode sobreviver por muito tempo nas superfícies dos objetos e transmitido através de objetos ou materiais que podem ter entrado em contato com pessoas infectadas. Também pode ser transmitido através do contato direto com cortes e escoriações de um indivíduo infectado, e em casos raros, pode ser transmitido durante o parto através da transmissão mãe-filho(4-5).
É importante ressaltar que a imunização não substitui a realização do exame preventivo e nem o uso do preservativo nas relações sexuais: mulheres na faixa etária dos 25 aos 64 anos devem fazer o exame preventivo, o Papanicolau, a cada três anos, após dois exames anuais consecutivos negativos(1).
Atributos da APS: o acesso aos serviços de saúde e à informação é de suma importância. A prevenção primária do câncer do colo do útero está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo HPV, tornando assim fundamentais, além da vacinação contra HPV, as ações de educação em saúde voltadas à promoção da saúde e prevenção dos fatores de risco da doença. As ações educativas devem abordar informações quanto ao HPV e ao câncer de colo de útero; a vacinação contra HPV, incluindo seus objetivos e resultados esperados; a realização periódica do rastreamento do câncer; ao diagnóstico e tratamento do câncer; a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis; ações que valorizem a participação das adolescentes e favoreçam a sua autonomia, estimulando-as a assumirem comportamentos saudáveis (integralidade, longitudinalidade e coordenação de cuidados). É igualmente relevante que a informação sobre o HPV seja disponibilizada para a comunidade em linguagem clara para facilitar o entendimento e a eficácia da ação de prevenção/diagnóstico precoce (competência cultural).
1. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer (INCA). [internet]. Prevenção do câncer do colo do útero. [acesso em 04 jan 2022]. 13/05/2021. Disponível em: https://www.inca.gov.br/controle-do-cancer-do-colo-do-utero/acoes-de-controle/prevencao
2. Brasil. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Vacina contra HPV já está disponível para meninas de 9 a 11 anos. [acesso em 04 jan 2022]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/vacina-contra-hpv-ja-esta-disponivel-para-meninas-de-9-a-11-anos/
3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis. Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações. [internet]. Ofício Nº 203/2021/CGPNI/DEIDT/SVS/MS. Ampliação da faixa etária da vacina HPV para mulheres com imunossupressão até 45 anos. . [acesso em 04 jan 2022]. Brasília, 03 de março de 2021:3p. Disponível em: https://sbim.org.br/images/files/notas-tecnicas/vacina-hpv-crie-45-anos.pdf
4. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer (INCA). [internet]. Existe vacina contra o HPV? 2021. [acesso em 04 jan 2022]. Disponível em: https://www.inca.gov.br/perguntas-frequentes/existe-vacina-contra-o-hpv
5. Organização Pan Americana de Saúde (OPAS). [internet]. Vacina contra o Vírus do Papiloma Humano (HPV). [acesso em 04 jan 2022]. Disponível em: https://www.paho.org/pt/tag/vacina-contra-virus-do-papiloma-humano-hpv
6. Sociedade Brasileira de Imunização (SBIM). [internet]. Vacina HPV4. 2020. [acesso em 04 jan 2022]. 18/12/2020. Disponível em: https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacina-hpv4