As bebidas açucaradas (como os refrigerantes e os sucos industrializados) e as bebidas com cafeína (café, chá preto e chá mate), dificultam o aproveitamento de alguns nutrientes e devem ser evitadas durante o período de gestação para favorecer o controle de peso. Esses alimentos, também estão associados as queixas mais frequentes na gestação como por exemplo a pirose (azia), além de conter grande quantidade de corantes artificiais, aromatizantes e açúcar. Assim, deve-se evitar o consumo dessas, pois as mesmas favorecem o feto exposição a fatores exógenos e endógenos desencadeadores de alterações metabólicas por meio da programação fetal¹.
Efeitos da cafeína na gestação e para o concepto: Os possíveis efeitos deletérios do consumo de cafeína durante a gestação e, consequentemente, sobre o feto, resultam em diminuição do crescimento fetal, baixo peso ao nascer (BPN), prematuridade, aborto espontâneo, restrição de crescimento intrauterino e malformações. Esses desfechos indesejáveis são devidos, sobretudo, à ausência no feto de enzimas necessárias para a demetilação da cafeína, deixando o mesmo exposto por um longo período da vida intrauterina a esta substância². (A) Alguns estudos relatam que a cafeína durante a gestação aumenta os níveis de catecolaminas no sangue e esses hormônios acarretam efeitos negativos para o feto devido à vasoconstrição e hipóxia fetal. No período gestacional, após sua ingestão e absorção, a cafeína atravessa a barreira placentária com facilidade, pois a placenta e o feto não possuem a principal enzima responsável pelo metabolismo desse composto. Essa circunstância leva à maior exposição e acúmulo de cafeína nos tecidos fetais³. (A) Somado a isso, a cafeína é altamente solúvel em gordura, por endocitose de fluido amniótico pode ser absorvida pelo feto também via sistema gastrointestinal e a filtração glomerular fetal ainda está em pleno desenvolvimento. Outras situações adversas ocorridas durante a gravidez, como a ocorrência de doenças metabólicas maternas, podem antagonizar ou potencializar a ação da cafeína sobre o feto4. Sabe-se que níveis elevados dessa substância podem diminuir a perfusão sanguínea materna nos espaços intervilositários da placenta. Tal condição prejudica o recebimento do aporte necessário de nutrientes pelo feto e resulta em crescimento intrauterino insuficiente³. O mesmo se refere ao consumo de bebidas gaseificadas como refrigerantes, pois o seu consumo está diretamente relacionado ao ganho de peso na gestação, ao desenvolvimento de diabetes gestacional pelo excesso de açúcar na sua composição, dentre outras complicações gestacionais que a mulher poderá desenvolver¹.
1. BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção ao pré-natal de baixo risco. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2012 Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basica_32_prenatal.pdf 2. PACHECO et al. Consumo de cafeína entre gestantes e a prevalência do baixo peso ao nascer e da prematuridade: uma revisão sistemática. Cadernos de Saúde Pública, v. 23, n. 12, p. 28072819, dez. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v23n12/01.pdf>. Acesso em: 09 de novembro de 2016. 3. CHEN et al. Exploring maternal patterns of dietary caffeine consumption before conception and during pregnancy. Maternal and child health journal, v. 18, n. 10, p. 2446–2455, dez. 2014a. Disponível em: <https://link.springer.com/article/10.1007/s10995-014-1483-2>. Acesso em: 09 de novembro de 2016. 4. HINKLE et al. First trimester coffee and tea intake and risk of gestational diabetes mellitus: a study within a national birth cohort. BJOG : an international journal of obstetrics and gynaecology, v. 122, n. 3, p. 420–428, fev. 2015. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24947484>. Acesso em: 09 de novembro de 2016.