Ainda não existem evidências de transmissão do SARS-CoV-2 por meio da amamentação, devendo ser mantido e estimulado o aleitamento materno. Da mesma forma, não há constatação significava de transmissão vertical da infecção pelo novo Coronavírus.
A amamentação é indicada e não está contraindicada em nenhuma situação clínica, durante a permanência da mãe em atendimento hospitalar, desde que a parturiente se encontre em condições satisfatórias de saúde e assim o deseje(1,2). É importante que a lactante comunique a equipe do hospital caso não deseje amamentar, mas possa e queira oferecer ao seu RN o seu leite materno retirado, garantindo que o procedimento seja feito segundo critérios de segurança biológica do produto e dos profissionais, conforme as técnicas recomendadas(3). Não há nenhuma comprovação irrefutável de transmissão vertical do novo Coronavírus através do leite materno. Levando-se em conta que os benefícios do aleitamento materno superam em muito os riscos da COVID-19 nessa população, a manutenção da amamentação é recomendada e deve ser orientada, independentemente de a mãe ser assintomática, suspeita ou confirmada de COVID-19. Neste contexto, é importante destacar que medidas de prevenção deverão ser adotadas como a higienização das mãos antes e entre as mamadas, e o uso de máscara cirúrgica pela lactante durante todo o tempo(3).Durante a amamentação, a mãe confirmada/suspeita ou com contatos domiciliares que apresentem quadro gripal deve implementar medidas de higiene adequadas, incluindo a higienização das mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos e o uso de uma máscara para reduzir a possibilidade de espalhar gotículas que possam contaminar o bebê ou a criança.
Não existem dados na literatura que sejam suficientes para afastar, com segurança, a possibilidade de transmissão vertical do SARS-Cov-19. Em casos documentados de possíveis contaminações de recém-nascidos, não ficou evidente se a transmissão foi via transplacentária ou pós-natal(3). Algumas evidências recentes sugerem que a transmissão vertical possa ocorrer. Porém, não é claro a proporção de gestantes afetadas e o significado para o recém nascido.Sabe-se que, independente da via de parto, a infecção perinatal pode resultar em parto pré-termo, problemas na oxigenação fetal, desconforto respiratório agudo, distúrbios de coagulação, distúrbios da função hepática e óbito(3).
Em todos os contextos socioeconômicos, a amamentação melhora a sobrevivência e traz benefícios tanto para a saúde da mulher quanto da criança ao longo da vida. Além disso, como não há evidência científica sobre a transmissão da Covid-19 através do leite materno, não há razão para evitar ou interromper a amamentação.
Há evidências de alta qualidade mostrando que a amamentação reduz a mortalidade neonatal e infantil, inclusive em países de alta renda, além de melhorar os desfechos de saúde e desenvolvimento ao longo da vida. Esses benefícios são superiores aos potenciais riscos de contaminação, e nos casos confirmados de infecção por Covid-19 em crianças, a maioria apresentou uma forma leve da doença ou foi assintomática.
Recém-nascidos e bebês têm baixo risco de infecção por COVID-19, entre os poucos casos confirmados em crianças pequenas, a maioria experimentou apenas sintomas leves ou era assintomática.
1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. NotaTécnica Nº 10/2020-COCAM/CGCIVI/DAPES/SAPS/MS. Disponível em: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-recem-nascido/atenc%cc%a7a%cc%83o-a-saude-do-recem-nascido-no-contexto-da-infeccao-pelo-novo-coronavirus-sars-cov-2/
2. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Aleitamento Materno. O aleitamento materno nos tempos de COVID-19! Nota de alerta Nº 9, Março 2020:4p. Disponível em: https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/o-aleitamento-materno-nos-tempos-de-covid-19/
3. Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Protocolo de atendimento no parto, puerpério e abortamento durante a pandemia da Covid-19.2020: Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/pt/covid19/item/1028-protocolo-de-atendimento-no-parto-puerperio-e-abortamento-durante-a-pandemia-da-covid-19
4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Nota Técnica nº 14/2020-COCAM/CGCIVI/DAPES/SAPS/MS. Atenção à saúde do recém-nascido no contexto da infecção pelo novo coronavírus (SarsCoV-2).Agosto 2020:5p. Disponível em: https://egestorab.saude.gov.br/image/?file=20200805_N_NotaTecnicaCovidCocam14_3588521282864535759.pdf
5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Coordenação-Geral de Ciclos da Vida. Coordenação de Saúde da Criança e Aleitamento Materno. Nota Técnica Nº15/2020-COCAM/CGCIVI/DAPES/SAPS/MS.Agosto 2020. Disponível em: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/08/20200805_N_NotaTecnicaCovidCocam15_8045946382474299533.pdf