Não foram encontrados na revisão de literatura Ensaios Clínicos Randomizados e Revisões Sistemáticas que abordassem o tema rastreamento do câncer de pâncreas em indivíduos com história familiar positiva da doença, portanto essa resposta será baseada em orientações do INCA e da Sociedade Americana de Cancerologia (Grau de recomendação: D).
De acordo com o INCA, no Brasil, o câncer de pâncreas representa 2% de todos os tipos de câncer, sendo responsável por 4% do total de mortes por câncer. Por ano, nos Estados Unidos, cerca de 26 mil pessoas são diagnosticadas com a doença. O câncer de pâncreas é raro antes dos 30 anos de idade, sendo mais comum a partir dos 60 anos. Segundo a União Internacional Contra o Câncer (UICC), os casos da doença aumentam com o avanço da idade: de 10/100.000 casos entre 40 e 50 anos para 116/100.000 entre 80 e 85 anos.
Conforme a Sociedade Americana de Cancerologia (SAC) até o presente momento não estão disponíveis testes sanguíneos ou outros tipos de testes que possam diagnosticar o câncer de pâncreas facilmente em indivíduos assintomáticos. Os marcadores tumorais CA19-9 e CEA podem estar elevados em indivíduos com câncer de pâncreas, mas em geral essa alteração ocorre quando a doença já está em fase avançada. O CA19-9 é útil para o acompanhamento da resposta ao tratamento dos pacientes já diagnosticados. Alguns testes genéticos em pessoas com forte história familiar de câncer pancreático podem ajudar na identificação de indivíduos em maior risco de desenvolver a doença, porém seu resultado positivo apenas representa um maior risco para o desenvolvimento da doença o que poderá gerar custos elevados ao sistema de saúde e acarretar danos psicológicos. A SAC relata que esses testes não devem ser utilizados para a população em geral.
Entre os fatores de risco para o câncer de pâncreas, destaca-se principalmente o uso de derivados do tabaco. Os fumantes possuem três vezes mais chances de desenvolver a doença do que os não fumantes. Dependendo da quantidade e do tempo de consumo, o risco fica ainda maior. Outro fator de risco é o consumo excessivo de gordura, de carnes e de bebidas alcoólicas. Como também a exposição a compostos químicos, como solventes e petróleo, durante longo tempo. Há um grupo de pessoas que possui maior chance de desenvolver a doença, e estas devem estar atentas aos sintomas. Pertencem a este grupo indivíduos que sofrem de pancreatite crônica ou de diabetes melitus, que foram submetidos a cirurgias de úlcera no estômago ou duodeno ou sofreram retirada da vesícula biliar e que possuem história familiar de câncer de pâncreas.
Recomenda-se acompanhamento, abordagem e tratamento dos fatores de risco para câncer de pâncreas em indivíduos suscetíveis, porém a literatura não especifica a periodicidade desse acompanhamento.