Devido a carência de evidências científicas sobre o uso dos Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEF), no Brasil, desde o ano de 2009, a venda desses dispositivos não está autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Assim, pouco se sabe ainda a respeito dos impactos dos DEF (conhecidos também como cigarros eletrônicos) sobre a saúde, pois os estudos controlados estão em andamento, e por isso os resultados mais consistentes só ocorrerão nas próximas décadas, depois de superadas as dificuldades atuais relativas à profusão de modelos de cigarro eletrônico hoje existentes no mercado e ao desconhecimento de sua composição.1,2
No entanto, atualmente a aquisição dos cigarros eletrônicos no Brasil ocorre pela internet, no mercado ilegal ou são trazidos de outros países onde a venda é legalizada.(2) Vale ressaltar que inicialmente o DEF era comercializado como um revolucionário método antitabagismo, com a intenção de fazer com que os fumantes fossem perdendo o vício aos poucos, pois as doses de nicotina usadas no aparelho podem ser controladas (e até diminuídas) dependendo do cartucho consumido.(2) Nesse sentindo, o DEF seria um produto destinado a entregar a nicotina na forma de aerossol (sendo que alguns dispositivos são comercializados também sem nicotina), por um processo de remoção de impurezas e de outras substâncias químicas presentes nas folhas de tabaco, o que implica teoricamente uma forma mais limpa de nicotina. Mas, na prática, a maioria dos produtos disponíveis atualmente no mercado não possuem um padrão de controle e por isso há diversos problemas de saúde causados por esses equipamentos.1,2,3
Portanto, apesar de existir algumas evidências de que os componentes encontrados nas soluções dos DEF disponíveis no mercado e os vapores gerados pelo aquecimento podem causar inflamações pulmonares, é importante ressaltar que o aumento do uso da nicotina inalada com cigarros eletrônicos, especialmente entre os jovens, exige mais pesquisas sobre seus efeitos à saúde.3
1.Almeida, LM, Silva RP, Santos ATC, Andrede JD, Suarez MC. Névoas, vapores e outras volatilidades ilusórias dos cigarros eletrônicos. Cad. Saúde Pública 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v33s3/1678-4464-csp-33-s3-e00139615.pdf
2.Brasil, Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Cigarros eletrônicos: o que sabemos? Estudo sobre a composição do vapor e danos à saúde, o papel na redução de danos e no tratamento da dependência de nicotina. organização Stella Regina Martins. Rio de Janeiro: INCA, 2016. 120 p. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/106510/106594/Livro+Cigarros+eletr%C3%B4nicos+o+que+sabemos/e8a169d0-fd20-4fdc-b11f-ec9281f49700
3.Schweitzer KS, et al. Endothelial disruptive proinflammatory effects of nicotine and e-cigarette vapor exposures. Am J Physiol Lung Cell Mol Physiol 309: L175–L187, 2015. Disponível em: https://www.physiology.org/doi/pdf/10.1152/ajplung.00411.2014