O teste rápido para tuberculose pulmonar pode ser utilizado para iniciar o tratamento medicamentoso?

| 17 março 2023 | ID: sofs-45304
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,

O consenso sobre o diagnóstico da tuberculose da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, publicado em 2021, recomenda o início imediato do tratamento para tuberculose em adolescentes e adultos quando o resultado é positivo e sensível a rifampicina (RMP) no teste rápido molecular para tuberculose (TRM-TB), pois além de evidenciar a sensibilidade para a RMP, apresenta resultado em cerca de 2 horas,  sendo necessária somente uma amostra de escarro.


O diagnóstico precoce e adequado da tuberculose é um dos pilares mais importantes no controle da doença. O TRM-TB está indicado para o diagnóstico de casos novos de tuberculose pulmonar e laríngea em adultos e adolescentes.  É utilizado também para a triagem de resistência à rifampicina em casos de retratamento e para os casos com suspeita de falência do tratamento. O Ministério da Saúde adotou a terminologia de TRM-TB para indicar o teste com o cartucho Xpert® MTB/RIF Ultra que possui maior sensibilidade na detecção da tuberculose, principalmente em amostras paucibacilares. Sua sensibilidade é comparável à da cultura líquida. O TRM-TB detecta o bacilo da tuberculose pulmonar em amostra espontânea ou induzida de escarro, líquido da lavagem broncoalveolar e lavado gástrico.  Para a tuberculose extrapulmonar utiliza-se materiais biológicos já validados, como líquor, biopsia de gânglios linfáticos e macerado de tecidos.

O TRM-TB é baseado na amplificação de ácidos nucleicos para a detecção de ácido desoxirribonucleico (DNA) dos bacilos do complexo M. tuberculosis e triagem de cepas resistentes à rifampicina pela técnica de reação em cadeia da polimerase em tempo real, com resultados em aproximadamente 2 hs. Os resultados do TRM-TB são descritos como M. tuberculosis não detectado (negativo), M. tuberculosis detectado (positivo) e M. tuberculosis traços detectados. Esse último resultado, “M. tuberculosis traços detectado”, pode ser interpretado como positivo, dentro do contexto clínico, em espécimes de indivíduos com HIV/AIDS e crianças menores de 10 anos. Também é considerado positivo nas formas extrapulmonar, pois estes casos são frequentemente paucibacilares. Nas demais situações clínicas, o resultado “M. tuberculosis traços detectados” devem ser considerados inconclusivo e a investigação da tuberculose deve prosseguir.

O diagnóstico da tuberculose pulmonar na infância é fundamentado basicamente no quadro clínico radiológico, na história epidemiológica de contato com adultos com tuberculose, geralmente baculíferos, e na interpretação particular da prova tuberculínica. Em um pequeno número de casos, o diagnóstico baseia-se no exame bacteriológico, pois na maioria das vezes se trata de tuberculose não bacilífera. É importante enfatizar que crianças com suspeita de TB, que tiveram um único resultado negativo, devem ter seus casos investigados utilizando o sistema de escore estabelecido no Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil, 2022.

É considerado um importante avanço na luta contra a TB, porém, a baciloscopia e cultura permanecem como ferramentas essenciais para o monitoramento do tratamento e para a realização de teste de sensibilidade aos fármacos de primeira e segunda linha.

Bibliografia Selecionada:

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Manual de Recomendações para o Diagnóstico Laboratorial de Tuberculose e Micobactérias não Tuberculosas de Interesse em Saúde Pública no Brasil. – Brasília – DF. 2022:393-413. Disponível em: https://www.gov.br/aids/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/2022/manual-de-recomendacoes-para-o-diagnostico-laboratorial-de-tuberculose-e-micobacterias-nao-tuberculosas-de-interesse-em-saude-publica-no-brasil/view [Acesso: 03/03/2023]

2. Silva DR, Rabahi MF, Sant’Anna CC, Silva-Junior JLR, Capone D, Bombarda S, et al. Consenso sobre o diagnóstico da tuberculose da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. J Bras Pneumol. 2021;47(2):e20210054. Disponível em: https://dx.doi.org/10.36416/1806-3756/e20210054 [Acesso: 03/03/2023]

3. World Health Organization – WHO consolidated guidelines on tuberculosis. Module 3: diagnosis – rapid diagnostics for tuberculosis detection, 2021 update. 2021:164p. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/342331?locale-attribute=pt& [Acesso: 03/03/2023]