A vaginose bacteriana ou infecção por Gardnerella vaginalis é diagnosticada quando apresentar três dos seguintes critérios (critérios de Amsel): pH vaginal maior que 4,5; presença de “cluecells” ou células-alvo no fluído ou esfregaços vaginais; leucorreia fluída, cinza ou branca; ou teste com KOH positivo. Embora o exame citologia cérvico-vaginal não seja a escolha para avaliação da microbiota vaginal, este exame apresenta sensibilidade de 92% e especificidade de 97% para detecção de vaginose bacteriana.(2)
A Gardnerella vaginalis é uma bactéria que faz parte da flora normal, principalmente das mulheres sexualmente ativas.Ela encontra-se entre os grupos causadores das vaginoses bacterianas. É caracterizada por um desequilíbrio da flora vaginal normal devido ao aumento exagerado de bactérias, principalmente anaeróbias (Gardnerella vaginalis, Bacteroides sp.,Mobiluncus sp., micoplasmas, peptoestreptococos), associado a uma ausência ou diminuição acentuada dos lactobacilos acidófilos, que são os agentes predominantes na vagina normal.
Apresenta-se como corrimento vaginal branco-acinzentado, de aspecto fluido ou cremoso, algumas vezes bolhoso, com odor fétido. Não se trata de infecção de transmissão sexual, porém pode ser desencadeada pela relação sexual em mulheres predispostas, devido ao contato com o pH elevado do sêmen. (1)
O uso de preservativo pode ter algum benefício nos casos redicivantes. Além disso, a vaginose bacteriana aumenta o risco de aquisição das IST, incluindo o HIV, além da possibilidade de trazer complicações às cirurgias ginecológicas e à gravidez (associada com ruptura prematura de membranas, corioamnionite, prematuridade e endometrite pós-cesárea). Além disso, quando presente também nos procedimentos invasivos: curetagem uterina, biópsia de endométrio e inserção de dispositivo intrauterino (DIU), aumenta o risco de DIP.(3)
As vaginoses bacterianas (G. vaginalis, Ureaplasma sp., Mycoplasma sp., e outros) são as causas mais comuns de corrimentos vaginais nas mulheres atendidas na Atenção Básica., podendo em alguns casos ser assintomática.(4)
1. Brasil. Ministério da Saúde. Diagnóstico laboratorial de doenças sexualmente transmissíveis, incluindo o vírus da imunodeficiência humana. Brasília, 2014:270p. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/85343/7/9789241505840_por.pdf
2. Ródio RC, Mylius LC, Buffon A, Manfredinni V. Avaliação do padrão citológico e microbiológico detectado pela coloração de Papanicolaou. NewsLab. 2010;102(3):108-16.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT): atenção integral às pessoas com infecções sexualmente transmissíveis (IST). Brasília, 2015:122p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_clinico_diretrizes_terapeutica_atencao_integral_pessoas_infeccoes_sexualmente_transmissiveis.pdf
4. Brasil. Protocolos da Atenção Básica: Saúde da Mulher. Brasilia: Ministério da Saúde, 2016:232p. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/protocolo_saude_mulher.pdf