O que o Agente Comunitário de Saúde pode fazer para aumentar a adesão dos pacientes a dieta?

| 4 agosto 2008 | ID: sofs-209
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , , ,
Graus da Evidência:

Estudos demonstram que a adesão a recomendação de mudança no estilo de vida é menor do que a adesão a prescrição de medicamentos e apenas 30% dos pacientes seguem a mais simples recomendação sobre dieta. Observamos, portanto, que as orientações de mudança de estilo de vida tais como alimentação, atividade física, cessação do tabagismo entre outras devem estar sendo permanentemente abordadas por toda a equipe de saúde.
O ideal é que se conheça o paciente, suas crenças, quais as dificuldades que o mesmo encontra para adesão, quais as expectativas do paciente, suas motivações, preocupações etc.
Um estudo demonstrou que o estimulo da família, ou seja, compreensão do cônjuge em relação às restrições dietéticas, e a colaboração deste e dos outros familiares perante a oferta dos alimentos é parte fundamental no processo da modificação dos hábitos alimentares.
De acordo com Silva, é possível que o confronto com o diagnóstico das complicações crônicas aumente a percepção de vulnerabilidade e gravidade da doença e das suas sequelas, bem como a percepção dos benefícios associados à adesão aos auto-cuidados e, consequentemente, melhore a adesão ao tratamento da diabetes.
A fim de que se possa melhorar a adesão dos pacientes deve-se desenvolver um ótimo vinculo na relação com o paciente e sua família e as recomendações devem ser dadas de forma breve, bastante clara e com uso de linguagem bem acessível.
Sugere-se que os Agentes Comunitários de Saúde conversem com a enfermeira e o médico responsáveis pelo cuidado das doenças crônicas do paciente e sejam orientados em relação à lista de alimentos que o paciente deve evitar, dessa forma, haverá coesão da informação repassada pelos diferentes profissionais na hora da explicação e a cada encontro o paciente terá contato novamente com as mesmas informações, o que poderá aumentar a adesão.
Fazer uma lista com os alimentos saudáveis e no caso dos pacientes que não sabem ler desenhar e colar gravuras de revistas também auxilia nesse processo. Nos casos em que não é o próprio paciente o responsável pela sua alimentação, ou seja, há alguém que cozinhe para ele o ideal é que se converse diretamente com essa pessoa. A equipe de saúde pode também organizar uma palestra com uma nutricionista e convidar a comunidade, isso reforçará a necessidade das mudanças de hábitos alimentares.
Além disso, ao orientar o paciente que evite o uso de determinado alimento ou tempero deve-se fornecer uma lista de substituição. Por exemplo: oriente seu paciente a trocar o sal pelo alho, pimenta ou limão ao temperar a comida. Explique os malefícios do sal, açúcar, banha etc. não apenas diga para não comer sem fornecer subsídios para essa recomendação.

 

 


Bibliografia Selecionada:

  1. Duncan BB, Schmidt MI, Giugliani ERJ. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. 3a ed. Porto Alegre: Artmed; 2004.
  2. Silva I, Pais-Ribeiro J, Cardoso H. A adesão ao tratamento da diabetes mellitus: a importância das características demográficas e clínicas. Ref [Internet]. 2006 Jun [citado 2009 Jul 15];II(2):34-41. Disponível em: http://www.esenfc.pt/rr/rr/index.php?id_website=3&d=1&target=DetalhesArtigo&id_artigo=22&id_rev=4&id_edicao=6Torres AAL
  3. Torres, A.A.L.; Guimaraes, N.G. Adesão ao tratamento dietético em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 atendidos no ambulatório de nutrição do hospital regional da asa norte. Nutricao Profissional, v.10, p. 47-53, 2006. Disponivel em: https://www.academia.edu/5823266/Ades%C3%A3o_ao_tratamento_diet%C3%A9tico_em_pacientes_portadores_de_diabetes_mellitus_tipo_2_atendidos_no_ambulat%C3%B3rio_de_nutri%C3%A7%C3%A3o_do_hospital_regional_da_asa_norte