Quando se detecta um nódulo na tireoide, é fundamental descartar a possibilidade de neoplasia maligna e caracterizar o status funcional e anatômico da glândula.
Primeiramente, é necessário obter algumas informações na história clínica que podem conferir maior risco de malignidade, como: Sexo masculino, idade menor que 20 anos ou maior que 70 anos, história de exposição à radiação ionizante ou radioterapia cervical na infância ou adolescência e, diagnóstico prévio de câncer de tireoide tratado com tireoidectomia parcial. Em seguida, um exame clínico cuidadoso, testes de função tireoideana, como a dosagem do TSH sérico para excluir a possibilidade do nódulo ser autônomo ou hipercaptante e, exames de imagem, como a ultrassonografia, que é considerado o melhor exame de imagem para a detecção de nódulos tireoideanos. A maioria dos pacientes com Ca de tireóide se apresenta eutireóidea. Se for detectada hiperfunção, mesmo subclínica, a cintilografia de tireoide está indicada para detectar se o nódulo é hipercaptante, e, nesses casos, eles são excepcionalmente malignos. É importante, observar algumas características do nódulo ao exame de ultrassonografia como: hipoecogenicidade, tamanho, microcalcificações, margens irregulares, vascularização predominantemente ou exclusivamente central no Doppler e a presença de linfonodos cervicais com características suspeitas, que também estão associados a maior risco de malignidade.
Excluído nódulo hipercaptante ou puramente cístico, deve-se considerar a história clínica, o tamanho do nódulo e as características ultrassonográficas para a indicação da PAAF. Em nódulos menores que 0,5 cm a PAAF não está indicada. Em nódulos entre 0,5 e 1,0 cm, está indicada em pacientes com alto risco clínico ou nódulo suspeito no ultrassom. Nos nódulos maiores que 1,0 cm que forem sólidos e hipoecóicos. Nos maiores que 1,5 cm que forem iso ou hiperecóicos e, nos maiores que 2,0 cm que forem complexos ou espongiformes.
Se a citologia revelar suspeita para malignidade ou malignidade, a conduta deve ser cirúrgica. Em caso de citologia benigna, um seguimento com ultrassonografia entre 6-24 meses é recomendado para detecção de eventual crescimento do nódulo.
O tratamento supressivo com levotiroxina não é recomendado na doença nodular benigna de tireóide, principalmente pelos efeitos adversos no sistema cardiovascular e ósseo.
Em nódulo com citologia benigna, a PAAF deve ser repetida se houver um crescimento significativo (>50% em relação ao volume inicial). Nódulos tireoidianos mostram-se, em geral, de evolução insidiosa e assintomática, sendo frequentemente descobertos em exame clínico de rotina. A prevalência é de 3 a 7% com base na palpação da tireóide. No entanto, essa prevalência pode chegar a 68% quando empregamos o ultrassom. A maioria dos nódulos tireoidianos é benigno. Somente cerca de 5 a 10% dos nódulos tiroideanos são malignos.
1. Rosário PW, Ward LS, Carvalho GA, Graf H, Maciel RMB, Maciel LMZ, et al. Nódulo tireoidiano e câncer diferenciado de tireoide: atualização do consenso brasileiro. Arq Bras Endocrinol Metab [Internet]. 2013 June [cited 2018 Nov 08] ; 57( 4 ):240-264. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302013000400002&lng=en&nrm=iso&tlng=pt
2. Cavalcanti TCS. Nódulos tiroidianos e Classificação citopatológica de Bethesda. Proendócrino. 2014; Ciclo 5 Vol 4: 9-67.
3. Albuquerque JL, Moura E, Freitas AC, Vilar L. Nódulos tireoidianos- Avaliação diagnóstica e manuseio. In: Vilar L. Endocrinologia Clínica. 6 ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan; 2016.