O Lúpus é uma doença crônica autoimune. Por uma razão desconhecida, o organismo passa a não reconhecer suas próprias células e produz anticorpos contra elas (autoanticorpos), causando diversas anormalidades clínicas e laboratoriais.
O tratamento para lúpus envolve uma ampla gama de medicamentos que vão desde anti-inflamatórios comuns, baixas doses de corticóides e medicamentos antimaláricos (ex: cloroquina) para tratar manifestações mais leves – sem comprometimento de grandes órgãos ou sistemas – até drogas que retiram as defesas do organismo (como a ciclofosfamida, azatioprina e metotrexate) para graus mais avançados da doença. Cabe ao médico assistente a escolha da opção terapêutica mais apropriada levando em consideração as características individuais da doença e do “adoecer” do paciente em questão.
A intervenção mais importante que um ACS pode fazer para auxiliar uma pessoa com lúpus é garantir que ela tenha um acompanhamento adequado pela equipe de saúde. O ACS também deve verificar se ela está seguindo as orientações da equipe e orientar sobre a importância da adesão ao tratamento.
Abaixo, algumas dicas importantes que podem ser repassadas para as pessoas com Lúpus:
Pacientes com lúpus devem evitar a exposição ao sol e usar protetores solares o dia todo;
Portadoras da doença que desejam engravidar devem seguir rigorosamente a orientação medica e dar preferência aos períodos de remissão das crises;
O consumo de álcool, cigarro e outras drogas é absolutamente contraindicado;
Respeitadas as limitações que possam ocorrer durante as crises, a atividade física deve ser mantida com regularidade.
EPIDEMIOLOGIA: Pode ocorrer em qualquer faixa etária, incluindo crianças e gestantes, mas é mais frequente em mulheres jovens – especialmente entre 15 e 45 anos. Nesta faixa etária a razão de mulheres acometidas com relação aos homens se situa entre 6:1 e 9:1. Pessoas da raça negra têm quatro vezes mais chances de desenvolver a doença quando comparados com pessoas da raça branca. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Caracteristicamente, os pacientes com Lúpus passam por períodos de maior atividade da doença e períodos de remissão, ambos podendo ocorrer espontaneamente. As razões para o curso variável dessas manifestações ainda não estão esclarecidas. Sabe-se que algumas circunstâncias induzem exacerbações, como reações a drogas, infecções e exposição solar intensa.
Os sintomas agudos ocorrem como consequência de “ataques imunológicos” aos órgãos afetados, já as complicações tardias são atribuíveis tanto à própria doença como ao seu tratamento, que envolve muitas drogas com vários efeitos colaterais (como os corticoides, por exemplo). As manifestações clínicas do lúpus variam muito, já que a doença pode acometer diferentes órgãos e sistemas em diferentes momentos, constituindo um desafio diagnóstico para o médico (especialmente em sua fase inicial).
Alguns dos sinais e sintomas iniciais mais frequentes são: inflamação das articulações, mal-estar, cansaço, dor de cabeça, febre, emagrecimento involuntário, diminuição do número de células do sangue e alterações na pele. Uma das características mais clássicas do lúpus é a mancha na face “em asa de borboleta” que acomete de 30 a 60% dos pacientes no curso da doença.
Manifestações tardias incluem alterações nos rins, que podem levar à necessidade de hemodiálise e transplante renal, complicações nas membranas que revestem os pulmões e coração, doença neurológica, psiquiátrica, problemas de circulação, doença das válvulas cardíacas, entre outros. Outro complicador é que a atividade da doença (e o seu tratamento) aumentam o risco de infecções oportunistas. PROGNÓSTICO: Com o avanço das opções terapêuticas nas últimas décadas, a expectativa de vida dos pacientes aumentou significativamente. Atualmente, 80% das pessoas com Lúpus permanecem vivas após 15 anos de doença.
Atributos APS
ACESSO: a pessoa com Lúpus deve ter garantido seu acompanhamento regular na sua Unidade de Saúde e é através dela, conforme suas necessidades, que será encaminhada para outros pontos do sistema de saúde. O ACS pode facilitar o agendamento de consultas. INTEGRALIDADE: além da doença diretamente, possíveis limitações podem provocar sofrimento psicológico pessoal e familiar, ao qual a equipe de saúde deve estar atenta e fornecer suporte. LONGITUDINALIDADE: com acompanhamento ao longo do tempo, pela mesma equipe, potenciais complicações da doença podem ser identificadas em momentos oportunos para o tratamento. COORDENAÇÃO DO CUIDADO: Lúpus é uma doença rara e que seu tratamento provavelmente envolverá cuidados multidisciplinares nos níveis secundários e terciários de atenção à saúde. Nesse caso, a equipe de saúde da UBS deverá fazer-se presente para acompanhar e organizar as intervenções, evitando a fragmentação e os conflitos nos cuidados fornecidos, e fornecer suporte de mais fácil acesso ao doente e aos seus cuidadores.
Biblioteca Virtual de Saúde. Respostas baseadas em evidências para problemas em Atenção Primária. Telessaúde Brasil Ministério da Saúde. O que é Lúpus, quais seus sintomas, consequências e tratamento? Disponível em: http://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/repostas-3408. Acesso em: 11 mar 2013.