O que é e o que define se um paciente deve ou não realizar cirurgia para catarata?

A catarata se caracteriza pela nebulosidade na lente do olho, levando a uma visão embaçada, comprometendo a qualidade de vida ou limitando as atividades do dia a dia, como ler e dirigir. A cirurgia é o único tratamento que, além de ser coberta pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) por ser a catarata uma das maiores causas de deficiência visual e cegueira em crianças e idosos em países de rendimento médio ou baixo^(1-3). Como a evolução da catarata geralmente é bilateral com certa assimetria, torna-se fundamental a importância da realização da cirurgia do segundo olho para recuperação integral do sistema visual^(1-4). A intervenção cirúrgica envolve a remoção da lente opaca do olho com catarata e a implantação de uma lente intraocular artificial. Não exige internação e os cuidados pós cirúrgicos são essenciais para o sucesso: usar o colírio de forma adequada, conforme as instruções do médico; evitar usar água ou sabão diretamente nos olhos; não esfregar, coçar ou pressionar o olho; usar óculos escuros para proteger os olhos ou um protetor ocular de acrílico, que pode ou não estar sobre um tampão, na hora de dormir; não fazer exercícios ou dirigir, mas descansar; fazer o retorno ao médico conforme orientado (em torno de 7 dias)^(4,5).

A catarata pode ser congênita ou de desenvolvimento. A maioria dos casos de cataratas congênitas são bilaterais e de causa desconhecida. As conhecidas incluem infecção intrauterina e distúrbios metabólicos ou fatores hereditários. O trauma é a causa mais comum de catarata unilateral. Ambas causam deficiência visual. A cirurgia precoce oferece os melhores resultados. É necessária a sensibilização de pais e profissionais de saúde para que as crianças com sinais de catarata (pupilas brancas) sejam encaminhadas para cirurgia com urgência.  É recomendado o rastreio a recém-nascidos para garantir o diagnóstico precoce e o encaminhamento atempado para a cirurgia. Após a cirurgia de catarata, é necessário acompanhamento a longo prazo com correção visual. A vacinação contra a rubéola, se incluída nas políticas nacionais de vacinação, é recomendada com um fator de prevenção^(1-3).

A idade é o principal risco de desenvolvimento da catarata. Outros fatores de risco incluem o tabagismo, diabetes mellitus, uso prolongado de esteroides e a nutrição com deficiência de vitamina A.  À medida que se envelhece, as lentes dos olhos tornam-se menos flexíveis, menos transparentes e mais espessas. As condições clínicas citadas e a idade fazem com que as proteínas e fibras dentro das lentes se quebrem e se aglomerem, turvando as lentes. À medida que a catarata continua a se desenvolver, a nebulosidade torna-se mais densa, espalhando e bloqueando a luz enquanto passa pelo cristalino, impedindo que uma imagem bem definida chegue à retina, resultando em visão turva^(4,5).

As medidas de proteção dos olhos que podem proteger/retardar a catarata: uso de óculos escuros e chapéu com aba para proteger-se do sol; parar de fumar; se alimentar de forma saudável com muitas frutas e vegetais, especialmente verduras escuras e folhosas, como espinafre e couve; fazer exame oftalmológico com dilatação dos olhos a cada 2 anos após a idade de 60 anos^(4,5).