Qual o objetivo e como programar a vigilância de contatos para a Hanseníase?

| 14 janeiro 2019 | ID: sofs-41967
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , , , , ,
Recorte Temático:

A vigilância de contatos tem por finalidade a descoberta de casos novos entre aqueles que convivem ou conviveram, de forma prolongada, com o caso novo de hanseníase diagnosticado. Visa também descobrir possíveis fontes de infecção no domicílio (familiar) ou fora dele (social), independentemente de qual seja a classificação operacional do doente – paucibacilar (PB) ou multibacilar (MB).


Recomenda-se a avaliação dermatoneurológica (por técnico em dermatologia, médico ou enfermeiro treinado por serviço de dermatologia) pelo menos uma vez ao ano, por pelo menos cinco anos, de todos os contatos domiciliares e sociais que não foram identificados como casos de hanseníase na avaliação inicial, independentemente da classificação operacional do caso notificado – paucibacilar (PB) ou multibacilar (MB). Após esse período, estes contatos deverão ser esclarecidos quanto à possibilidade de surgimento, no futuro, de sinais e sintomas sugestivos de hanseníase.1
As ações de vigilância epidemiológica de contatos visam identificar a fonte de contágio, detectar casos novos entre os contatos domiciliares do doente e implementar medidas preventivas, a fim de contribuir para o rompimento da cadeia de transmissão da doença.1
Quando comparado à população em geral, o maior risco de adoecimento está entre os contatos domiciliares1, o que indica que tanto o tipo de hanseníase quanto as distâncias do caso índice são fatores importantes para o risco da doença.1,2,3,4,5 Em regiões de alta endemicidade, a vigilância de contatos domiciliares, assim como da população em geral, torna-se uma medida imprescindível, visto que toda a população passa a sofrer algum tipo de exposição.10
Estudos apontam para a necessidade de vigilância de contatos de maneira contínua, para que haja redução das taxas de incidência em regiões do Brasil onde há elevado número de casos novos da doença.6

Informação Complementar
Segundo Ministério da Saúde para fins operacionais, define-se como:
* Contato domiciliar: toda e qualquer pessoa que resida ou tenha residido, conviva ou tenha convivido com o doente de hanseníase, no âmbito domiciliar, nos últimos cinco anos anteriores ao diagnóstico da doença, podendo ser familiar ou não. Atenção especial deve ser dada aos familiares do caso notificado, por apresentarem maior risco de adoecimento, mesmo não residindo no domicílio do caso. Devem ser incluídas, também, as pessoas que mantenham convívio mais próximo, mesmo sem vínculo familiar, sobretudo, aqueles que frequentem o domicílio do doente ou tenham seus domicílios frequentados por ele1.
* Contato social: toda e qualquer pessoa que conviva ou tenha convivido em relações sociais (familiares ou não), de forma próxima e prolongada com o caso notificado. Os contatos sociais, que incluem vizinhos, colegas de trabalho e de escola, entre outros, devem ser investigados de acordo com o grau e tipo de convivência, ou seja, aqueles que tiveram contato muito próximo e prolongado com o paciente não tratado.1

Bibliografia Selecionada:

1.Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Diretrizes para Vigilância, Atenção e Eliminacao da Hanseníase como problema de Saúde Pública: Manual Técnico-Operacional. Brasil, Saúde M da, Saúde S de V em, eds. Brasilia: Editora MS; 2016.
2.Düppre NC, Camacho LAB, da Cunha SS, et al. Effectiveness of BCG vaccination among leprosy contacts: a cohort study. Trans R Soc Trop Med Hyg. 2008;102(7):631-638. Disponível em: https://academic.oup.com/trstmh/article-abstract/102/7/631/1855304?redirectedFrom=fulltext
3.Moet FJ, Meima A, Oskam L, Richardus JH. Risk factors for the development of clinical leprosy among contacts, and their relevance for targeted interventions. Lepr Rev. 2004;75(4):310-326. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/b595/43c1a7dbb25381e711a6bd76130e588e26e3.pdf
4.Matos HJ de, Duppre N, Alvim MFS, Vieira LMM, Sarno EN, Struchiner CJ. Epidemiologia da hanseníase em coorte de contatos intradomiciliares no Rio de Janeiro (1987-1991). Cad Saude Publica. 1999;15(3):533-542. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v15n3/0492.pdf
5.Vieira CS de CA, Soares MT, Ribeiro CTSX, Silva LFG da. Avaliação e controle de contatos faltosos de doentes com hanseníase. Rev Bras Enferm. 2008;61(spe):682-688. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-71672008000700005&script=sci_abstract&tlng=pt
6.Sarno EN, Duppre NC, Sales AM, Hacker MA, Nery JA, Matos HJ de. Leprosy exposure, infection and disease: a 25-year surveillance study of leprosy patient contacts. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2012;107(8):1054-1059. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0074-02762012000800015