No âmbito da atenção primária, como deve ser a abordagem às gestantes adolescentes e usuárias de drogas?

| 18 junho 2019 | ID: sofs-42254
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,

A assistência às gestantes dependentes de álcool e outras drogas é complexa e exige competências técnicas e psicossociais dos profissionais de saúde, na qual a inserção de equipes multidisciplinares contribui para o fortalecimento e implementação de políticas públicas mais eficazes contra o uso de drogas na gestação, sendo recomendável considerar o contexto sociocultural que essa gestante está inserida, para a análise e intervenção aos riscos e vulnerabilidades sociais, juntamente com os devidos encaminhamentos para o pré-natal de alto risco e até mesmo para o Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Outras Drogas (CAPS AD II ou III) por meio da articulação e mobilização da rede de atendimento existente no município ou região, que garantirá maior qualidade na assistência e promover condições que respeitem essas usuárias enquanto pessoa, possibilitando sua reinclusão social, profissional e familiar, ampliando as ações em saúde mental na sua intensidade e diversidade(1,2).

A abordagem deve primar também pelo fortalecimento do vínculo familiar, principalmente do vínculo mãe/filho, oferecendo condições para que essa adolescente possa exercer a maternidade e garantir a vivencia familiar para seu filho direcionando os cuidados e ações que serão desenvolvidas, atuando na linha da política de redução de danos, ou seja, minimizar os efeitos do consumo das drogas para a mãe e principalmente para o feto(1,2,3).


O uso de drogas caracteriza um sério problema de saúde pública em todo o mundo, especificamente quando as usuárias são gestantes, por esse motivo, tornam-se necessários processos educativos contínuos para que a gestante em especial, possa ser orientada sobre os efeitos e consequências do uso dessas substâncias para a saúde materna e fetal, como retardo de crescimento intrauterino, descolamento prematuro de placenta e aumento da incidência de rotura prematura de membranas. Além disso, a utilização das drogas durante a gestação pode causar abortamentos, mortalidade materna, natimortalidade e mortalidade neonatal(1,4).

Dessa forma, a assistência pré-natal constitui-se em um momento relevante para prestar informações e investigar manifestações clínicas importantes na gestação, contribuindo para verificar as condições de saúde das gestantes e atender, de forma adequada, às suas necessidades relacionadas ao seu bem-estar(5). Assim, a disponibilização de orientações sobre os cuidados necessários nessa fase; bem como sobre a vinculação ao local do parto; a garantia de acesso qualificado a esse local e a um parto humanizado; a atenção à criança recém-nascida e a continuidade da atenção à mulher no puerpério pela Estratégia Saúde da Família (ESF), incluindo o planejamento reprodutivo pós-parto; as articulações intersetoriais necessárias de acordo com suas demandas, como o acompanhamento por serviços socioassistenciais, são importantes. Com efeito, é fundamental também que haja um trabalho de conscientização dessas gestantes para o autocuidado, visto que o uso da droga pode limitar a compreensão da importância de sua saúde e da saúde da vida em gestação(6).

Bibliografia Selecionada:

1. Coutinho T, Coutinho CM, Coutinho LM. Assistência pré-natal às usuárias de drogas ilícitas. Femina. 2014 Jan/Fev;42(1):11-18. Disponível em: http://files.bvs.br/upload/S/0100-7254/2014/v42n1/a4808.pdf

2. Kassada DS, Marcon SS, Waidman MAP. Percepções e práticas de gestantes atendidas na atenção primária frente ao uso de drogas. Esc. Anna Nery 2014;18(3):428-34. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ean/v18n3/1414-8145-ean-18-03-0428.pdf

3. Núcleo de Telessaúde Sergipe. Segunda Opinião Formativa SOF. BVS APS. Quais os riscos da gestação nos extremos de idade – adolescentes e mulheres acima de 40 anos? ID: sof-23941. 22 ago 2016. Disponível em: http://aps.bvs.br/aps/quais-os-riscos-da-gravidez-na-adolescencia-e-em-mulheres-com-mais-de-40-anos/

4. Tacon FSA, Amaral WN, Tacon KCB. Drogas ilícitas e gravidez: influência na morfologia fetal. Femina. 2018;46(1):10-18. Disponível: https://www.febrasgo.org.br/media/k2/attachments/VolZ46Z-Zn1-Z2018.pdf

5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico. (Série A. Normas e Manuais Técnicos). 5. ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde. 2010:302p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/gestacao_alto_risco.pdf

6. Brasil. Ministério Do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social. Ministério da Saúde. Nota Técnica conjunta MDS/MSaúde Nº 001/2016. Diretrizes, Fluxo e Fluxograma para a atenção integral às mulheres e adolescentes em situação de rua e/ou usuárias de álcool e/ou crack/outras drogas e seus filhos recém-nascidos. Disponível em: http://www.mds.gov.br/webarquivos/legislacao/bolsa_familia/nota_tecnica/nt_conjunta_01_MDS_msaude.pdf