Há risco de interação medicamentosa entre anestésicos locais e anticonvulsivantes?

| 13 junho 2019 | ID: sofs-41650
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,

Interações clinicamente significantes entre anticonvulsivantes e anestésicos locais não são conhecidas, embora o uso de lidocaína com adrenalina seja preconizado(1). Assim como a utilização de seringa carpule com aspiração para evitar injeção intravenosa(1).

Uma avaliação pré-operatória do médico responsável pelo paciente é recomendável, principalmente no caso de haver alterações recentes na evolução da doença que o paciente apresenta(2).


Anestésicos locais têm propriedades pró-convulsivante e anticonvulsivante devido ao efeito estabilizador de membrana(3). Em doses pequenas, os anestésicos locais reduzem o fluxo sanguíneo e o metabolismo cerebral, bem como a atividade elétrica cerebral, e atuam como anticonvulsivantes, sedativos e analgésicos, enquanto em doses elevadas atuam como droga pró-convulsivante, diminuindo o limiar convulsivo no córtex cerebral, amídala e hipocampo, o que leva a convulsões generalizadas(3).

A toxicidade sistêmica relacionada com a anestesia regional é causa de crise convulsiva em aproximadamente 5/10.000 pacientes, sendo mais frequente com o uso da bupivacaína, podendo ser observada inclusive com os anestésicos locais de uso mais recente(3).

 

Atributos da APS:

[Acesso] É importante que durante a consulta odontológica no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS), investigue-se medicações de uso contínuo, doenças de base, além de episódios de convulsão. Esta investigação é de suma importância principalmente frente a necessidade de um procedimento que envolverá o uso de anestésicos.

[Longitudinalidade/Integralidade] O acompanhamento odontológico da comunidade assistida pela Estratégia Saúde da Família (ESF),  faz parte do processo de promoção da saúde bucal das populações, assim como, a integralidade do sistema encaminhando os casos que necessitem de tratamento especializado aos Centros de Especialidades Odontológicos –CEOs de cada região.

Bibliografia Selecionada:

1. Barbério GS, Santos PSS, Machado MAAM. Epilepsia: condutas na prática odontológica. Rev Odontol Univ Cid São Paulo. 2013;25(2):141-6. Disponível em: http://publicacoes.unicid.edu.br/index.php/revistadaodontologia/article/view/328

2. Lim SW, So E, Yun HJ, Karm MH, Chang J, Lee H, Kim HJ, Seo KS. Analysis of the effect of oral midazolam and triazolam premedication before general anesthesia in patients with disabilities with difficulty in cooperation. J Dent Anesth Pain Med. 2018;18(4):245-254. Disponível em: https://jdapm.org/DOIx.php?id=10.17245/jdapm.2018.18.4.245

3. Maranhão MVM, Gomes EA, Carvalho PE. Epilepsia e Anestesia. Rev Bras Anestesiol 2011;61(2):232-54. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rba/v61n2/v61n2a13.pdf