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Há indicação do uso de ácido acetil salicílico (AAS) para gestantes com risco de pré-eclâmpsia?

| 28 abril 2016 | ID: sofs-23492
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,
Graus da Evidência:

O uso de ácido acetil salicílico (AAS) em baixas doses é recomendado para gestantes de alto risco para pré-eclâmpsia (grau de evidência A) 1 por reduzir em 17% a incidência de pré-eclâmpsia e em 14% a morte fetal ou neonatal. A dose recomendada é de 60 a 150mg (dose baixa) iniciada entre 12 e 28 semanas de gestação2. A identificação precoce de pacientes com risco para pré-eclâmpsia através de fatores de risco ou testes preditores, pode auxiliar na instituição de medidas preventivas com fim de evitar ou retardar a apresentação da doença ou ainda reduzir sua gravidade.


Na tabela estão os principais fatores de risco relacionados a pré-eclâmpsia e identificados na história clínica, e a recomendação do uso de medicação.

Quadro de Risco para Pré-eclâmpsia*
Risco Fatores de risco Recomendação
Alto
  • História de pré-eclâmpsia, especialmente quando acompanhada de desfecho negativo;
  • Gestação múltipla;
  • Diabetes tipo 1 ou 2;
  • Doença renal;
  • Doença autoimune.
Dose baixa de AAS em paciente com 01 ou mais fator de risco
Moderado
  • Nuliparidade;
  • Obesidade (Índice de Massa Corporal superior a 30 kg/m2);
  • História familiar de pré-eclâmpsia (mãe ou irmã);
  • Idade ≥ 35anos;
  • Características sociodemográficas (cor/raça negra e baixa renda);
  • História pessoal (baixo peso ao nascer ou Pequeno para Idade Gestacional, desfecho negativo em gestação anterior, intervalo intergestacional superior a 10 anos).
Considerar baixa dose de AAS se paciente tiver vários destes fatores de riscos
Baixo
  • Gestação prévia a termo sem complicação
Não recomendado AAS
* Inclui somente fatores de risco obtidos pela história clínica. Testes preditivos, como doppler da artéria uterina, não foram incluídos.

Fonte: U.S. Preventive Services Task Force, 2015

Com relação aos testes preditores, a dopplervelocimetria pode ser utilizada para pré-eclâmpsia em gestantes em risco3. Um índice de pulsatilidade (IP) aumentado na artéria uterina está significativamente relacionado ao desenvolvimento de pré-eclâmpsia e outros desfechos desfavoráveis nesta gestação3.
Em pacientes de alto risco para pré-eclâmpsia, identificadas através da história clínica ou testes preditivos, outras medidas preventivas podem ser recomendadas.  A suplementação de cálcio reduz a pré-eclâmpsia nas populações de alto risco e com dieta pobre em cálcio; contudo sem efeito no prognóstico perinatal (grau de evidência A)1. Outras estratégias para prevenção de pré-eclâmpsia como dieta com restrição de proteína ou sal, exercícios, repouso, suplementação de ácido fólico e progestágenos  tem evidência insuficiente de benefício1.
A equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF) tem o importante papel de iniciar o acompanhamento  pré-natal precocemente e de forma qualificada o que irá permitir a identificação dos fatores de risco para pré-eclampsia e instituição de medidas preventivas. Além disto tem o atributo de  coordenar o cuidado destas pacientes que também serão acompanhadas no ambulatório de alto risco.

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Bibliografia Selecionada:

  1. AMORIM, Melania Maria Ramos; SOUZA, Alex Sandro Rolland. Prevenção da pré-eclâmpsia baseada em evidênciasFeminaSão Paulo, 2009, v. 37, n. 1, p.47-52. Disponível em: <http://www.febrasgo.org.br/site/wp-content/uploads/2013/05/feminav37n1p47-52.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2016.
  2. LEFEVRE, Michael L.. Low-Dose Aspirin Use for the Prevention of Morbidity and Mortality From Preeclampsia: U.S. Preventive Services Task Force Recommendation Statement. Annals Of Internal Medicine[s.l.], 2014, v. 161, n. 11, p.819-826. American College of Physicians. Disponível em: <http://annals.org/article.aspx?articleid=1902275>. Acesso em: 20 abr. 2016.
  3. AMORIM, Melania Maria Ramos et al. Predição da pré-eclâmpsia baseada em evidênciasFemina, São Paulo, 2008, v. 36, n. 10, p.627-634. Disponível em: <http://www.febrasgo.org.br/site/wp-content/uploads/2013/05/Femina_outubro2008-627.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2016.