Sim, a auriculoterapia é indicada para o tratamento de dor aguda e crônica(1,2,3). Estudos de revisão sistemática e meta análise(1,2,3) concluem que a auriculoterapia reduz significativamente a intensidade da dor aguda (diferença padronizada de médias (standarized mean difference – SMD) 1,35 [IC 95%: 0,08, 2,64] e dor crônica (SMD 1,84 [IC 95%: 0,60, 3,07]), em até 48hs. Também reduz o uso de analgésicos perioperatório (SMD 0,54 IC95% 0,30, 0,77)1. Os estudos indicam um bom nível de evidência, mesmo havendo heterogeneidade significativa entre os estudos(1).
Há estudos que evidenciam a indicação da auriculoterapia nos problemas de dor pós-operatória de joelho, quadril e dentária, dor neuropática, cervicalgia, lombalgia, tratamento paliativos relacionados ao câncer, dor aguda em situações de emergência(1), enxaqueca, dor garganta, recuperação de queimadura, cólica biliar(3), cólicas menstruais, dor decorrente às hemorroidas, cólica renal(9), dor lombar de gestação(4), dor de trabalho de parto(5).
Os pontos auriculares com ação analgésica citados nos estudos são: tálamo, ponto zero(1), coração, simpático, shen men, subcórtex(10), rim, analgesia, adrenal e relaxamento muscular(9).
A auriculoterapia tem baixo efeito colateral, risco e custo(3). Os efeitos adversos comuns transitórios são: dor no pavilhão auricular, cansaço, tontura, náusea e cefaléia(1,2). Não foram identificadas infecções ou outros eventos adversos graves ligados à auriculoterapia(1). Em casos de gestantes, sugere-se o uso de auriculoterapia partir da 17a semana. Os pontos auriculares de Útero, Ovário, Endócrino, Genitais, Pontos abdominais e pélvis são contraindicados durante a gestação(4,5).
Complemento
A estimulação desses pontos ativa zonas de reflexo existentes no pavilhão auricular, ricas em terminações nervosas e vasos sanguíneos (5-10). Esse estímulo é transmitido pelos nervos espinais e nervos cranianos até o sistema nervoso central(6,7). De forma análoga à acupuntura, o estímulo com auriculoterapia pode aumentar a atividade dos neurônios de áreas relacionadas às vias inibitórias descendentes da dor e a atividade do sistema límbico. Também, pode aumentar a atividade do reflexo colinérgico, o qual é um potente mecanismo endógeno de controle da inflamação (6,7,8).
Os pontos auriculares podem ser estimulados com o auxílio de sementes, esferas de cristal, stiper, laser ou magneto fixado com micropore(10). Recomenda-se o uso de sementes orgânicas, pois além de serem mais baratas, há menos risco de processos inflamatórios e alérgicos(9). Independente de qual material utilizar, deve sempre orientar o paciente a retirar, caso sinta muito incômodo, muita dor ou coceira intensa na região. As sementes oferecem baixo risco de dano ao paciente, por isso não há necessidade de terem grau de esterilização cirúrgica. Além disso, não é comum acontecer de apodrecer, pois elas não permanecem por muito tempo na orelha. No entanto, o profissional deve estar atento e fazer as devidas recomendações no momento da aplicação(10).
A oferta da auriculoterapia no Sistema Único de Saúde é estimulada para ampliar a integralidade da atenção e o acesso às mesmas. Ela pode ser usada sozinha ou associada a outros recursos terapêuticos(3), ofertada no acolhimento, no atendimento individual (consulta de enfermagem e consulta médica) ou em grupos(7).