O vírus HTLV (sigla em inglês para o vírus que infecta células T humanas) é um retrovírus isolado em 1980 a partir de um paciente com um tipo raro de leucemia de células T. Apresenta dois tipos: o HTLV-I que está implicado em doença neurológica e leucemia, e o HTLV-II que está pouco evidenciado como causa de doença. Cerca de 99% das pessoas portadoras do HTLV-I NUNCA desenvolverão qualquer problema de saúde relacionado ao vírus HTLV. Entretanto, alguns pacientes podem desenvolver problemas neurológicos, geralmente, começam a se queixar de dores nos membros inferiores (panturrilhas), na região lombar (parte inferior da coluna lombar), dificuldade de evacuação ou micção. Estes sintomas são sempre progressivos e estão na região abaixo da linha do umbigo.
O HTLV possui as mesmas rotas de transmissão que outros vírus como o HIV (vírus da imunodeficiência humana) e o vírus da hepatite C (HCV):
- pela relação sexual desprotegida com uma pessoa infectada;
- uso em comum de seringas e agulhas durante a drogadição;
- da mãe infectada para a o recém-nascido (principalmente pelo aleitamento materno).
Como o risco do desenvolvimento da doença associado ao HTLV-I é muito baixo, não existe indicação de tratamento nos casos assintomáticos, até este momento.
Os pacientes com manifestações neurológicas comprovadamente associadas ao HTLV deverão ser idealmente acompanhados em serviço médico que disponha de neurologista clínico.
Tratamento geral e sintomático:
No que diz respeito ao tratamento sintomático da paresia, com intuito de melhorar a força, manter a musculatura ativa, evitando a atrofia e contraturas, sugere-se: Fisioterapia para o fortalecimento dos membros superiores e do tronco; treinamento de equilíbrio estático e dinâmico; manobras de reabilitação muscular; melhora da amplitude articular; treinamento de marcha; uso de órteses, quando necessário; e nos cadeirantes a terapia ocupacional.
Quanto ao tratamento sintomático da espasticidade, com a finalidade de melhorar a mobilidade, sugere-se o uso de relaxantes musculares ou toxina botulínica. O tratamento sintomático da bexiga neurogênica inclui: cateterização vesical intermitente de 4/4 ou de 6/6 horas, objetivando um volume residual inferior a 500 ml, além de alguns medicamentos.
O tratamento para os sintomas decorrentes da constipação intestinal crônica inclui: avaliação nutricional, objetivando uma dieta anticonstipante, rica em fibras e com elevado teor hídrico; mucilóide psyllium ou óleo mineral via oral de 1-3 vezes ao dia, dentre outros.
Dores neuropáticas de origem medular, radicular ou neural periférica: Amitriptilina, Nortriptilina ou Imipramina, Gabapentina, Carbamazepina ou Hidantoína.
Tratamento específico:
Não há consenso na literatura acerca da existência de um tratamento específico comprovadamente eficaz para as manifestações neurológicas do HTLV. Nessa circunstância, sugere-se o encaminhamento para centros especializados.