É fundamental que o idoso com início de enfisema pulmonar faça mudanças de hábitos e identifique quais são os fatores de riscos para o agravamento da sua condição(1). O profissional de saúde deve atuar junto ao idoso e seus familiares, auxiliando-os na identificação desses riscos.
Para isso, os profissionais devem atuar para a redução de fatores de risco, monitoramento da doença e manejo das exacerbações. A medida preventiva isolada mais eficiente e de melhor custo efetividade é a cessação do tabagismo, caso seja fumante. Deve ser orientada a vacinação anual anti-influenza e anti-pneumocócica a cada cinco anos caso tiver idade superior a 65 anos. A realização de atividade física e melhoria da nutrição, com uma dieta equilibrada, também são mudanças importantes. Em casos mais agravados, deve-se fazer fisioterapia respiratória, avaliar a necessidade de oxigenoterapia e avaliar necessidade de medicações(1).
Identifique se é fumante ou ex-fumante. O tabagismo é responsável por 80 a 90% das causas determináveis da Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).Em caso de resposta afirmativa, identifique outros fatores que possam potencializar agravamento da condição respiratória, como poluição domiciliar (fumaça de lenha, querosene), exposição ocupacional (no trabalho) a poeiras e produtos químicos ocupacionais, histórico de infecções respiratórias recorrentes na infância, suscetibilidade individual e desnutrição na infância(1).
A redução na exposição pessoal à fumaça do tabaco, poeiras ocupacionais, poluentes domiciliares e ambientais são metas importantes para diminuir a progressão da DPOC(1).
Após identificação dos fatores de risco, deve se orientar, na medida do possível, mudanças de hábitos a este idoso e a seus familiares, orientando-o a participar de grupos para cessação do tabagismo na unidade de saúde, caso necessário.
Muita atenção deve ser dada também ao tabagismo passivo(2).Nesse caso, o fumante que resida no mesmo domicílio que o idoso deve ser orientado quanto a necessidade de parar de fumar, recebendo os encaminhamentos necessários.
O tratamento do enfisema pulmonar tem por objetivo o alivio dos sintomas, melhoria da qualidade de vida, prevenção da progressão da doença, melhorar a tolerância a exercícios, prevenir e tratar exacerbações e reduzir a mortalidade.
O enfisema pulmonar é definido anatomicamente como aumento dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal, levando a perda da superfície respiratória, diminuição da irrigação sanguínea e comprometimento da elasticidade pulmonar. De forma geral, ela reduz a capacidade pulmonar de realizar as trocas gasosas de maneira eficiente, podendo resultar em menor concentração de oxigênio no sangue. É uma doença obstrutiva crônica pulmonar (DPOC), de caráter progressivo(1). O cuidado realizado na atenção primária em saúde é fundamental para redução das internações por agravamento da doença e da sua mortalidade.
Ao avaliar uma pessoa com suspeita de enfisema pulmonar, deve-se considerar como importante manifestação clínica a dispneia ao esforço (falta de ar) e tosse crônica. A dispneia deve ser avaliada conforme o grau e afastar outras causas do sintoma em idosos, tais como insuficiência cardíaca e neoplasias, entre outras doenças(3).
Avaliação da dispneia pode ser feita utilizando a escala do Medical Research Council adaptada para uso no Brasil. Avalie-a conforme o relato do idoso:
· Grau 0: Tenho falta de ar só durante exercícios intensos
· Grau 1: Tenho falta de ar quando ando apressadamente ou subo escadas ou
ladeiras
· Grau 2: Preciso parar para respirar mesmo andando devagar ou ando mais devagar do que pessoas da minha idade devido à falta de ar
· Grau 3: Preciso parar algumas vezes para respirar quando ando menos de 100 metros ou após poucos minutos de caminhada no plano
· Grau 4: Sinto tanta falta de ar que não saio mais de casa, ou preciso de ajuda para me vestir ou tomar banho sozinho devido à falta de ar
1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Doenças Respiratórias Crônicas. (Série A. Normas e Manuais Técnicos). (Cadernos de Atenção Básica, n. 25). 2º ed. Brasília – DF. 2010:160p. (Acesso em 27 de Agosto de 2020). Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_docman&view=document&layout=default&alias=1158-cadernos-atencao-basica-doencas-respiratorias-cronicas-8&category_slug=doencas-cronicas-116&Itemid=965
2. Gusso G, Lopes JMC, Dias LC. Tratado de medicina de família e comunidade : princípios, formação e prática. 2. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2019.
3. Petta AD. Patogenia do enfisema pulmonar – eventos celulares e moleculares. einstein (São Paulo). 2010;8(2):248-51. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s1679-45082010rb1480